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DoxyPEP – Como Funciona, Indicações e Preocupações

DoxyPEP
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DoxyPEP. A Organização mundial da saúde estima que em todo o mundo são registrados cerca de 374 milhões de novos casos de ISTs – infecções sexualmente transmissíveis curáveis e com tendência de aumento a cada ano. Ou seja, os novos diagnósticos de HIV nem entram nessa estatística. Para tentar reduzir este número o os Centros de Controle e Prevenção de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, o (CDC), emitiram uma nova diretriz de prevenção de ISTs, associando a profilaxia pós exposição ao HIV – PEP a um antibiótico específico.

Continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre o que é a DoxyPEP, como ela funciona, suas indicações, preocupações e importância.

O Que É DoxyPEP

O DoxyPEP, ou Profilaxia pós-exposição com doxiciclina, é uma estratégia de prevenção de ISTs para pessoas que acabaram de se expor a um risco de contrair este tipo de infecção, como uma relação sexual sem preservativo. A Profilaxia Pós Exposição ao HIV merece um vídeo só para ela, mas trata-se de um esquema de antirretrovirais específicos para o HIV que deve ser iniciado em até 72hs após a exposição mas preferencialmente o mais rápido possível e a partir daí, uma tomada diária dos medicamentos do esquema por 4 semanas. O PEP tem uma eficácia altíssima, porém ele protege apenas contra o HIV, não tendo nenhuma interferência sobre os novos casos de ISTs curáveis.

Daí surge o doxy do esquema DoxyPEP que é a Doxiciclina, um antibiótico pertencente à classe das tetraciclinas. Este medicamento é amplamente utilizado no tratamento de vários tipos de infecções com um espectro altíssimo e com a vantagem de ser comprimido de ingestão por via oral. A diretriz orienta a ingesta de 200mg do antibiótico ou seja 2 cps (cada comprimido de doxiciclina possui 100mg aqui no Brasil) ingeridos de uma só vez em dose única, preferencialmente antes das 24 horas mas no máximo até 72 horas após o sexo oral, anal ou vaginal sem preservativo e não tomar mais do que uma dose a cada 24hs.

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Este esquema deve ser considerado para qualquer homem que faz sexo com homem e para mulheres trans que tiveram gonorreia, clamídia ou sífilis. pelo menos uma vez durante o ano anterior. ou participarem em atividades sexuais que são conhecidas por aumentar a probabilidade de exposição a ISTs, mesmo que não tenham tido diagnóstico prévio de Infecção

A diretriz ainda não indica o uso profilático da doxiciclina para prevenção de ISTs curáveis em mulheres cis, homens heterossexuais cis, homens trans, outras pessoas queer ou não binárias por falta de dados de estudo

No estudo DoxyPEP, a doxiciclina reduziu em 65% a taxa de homens gays, bissexuais e mulheres transexuais adquirirem qualquer ISTs bacterianas em geral em três meses. A eficácia contra a clamídia foi de 88% e contra a sífilis de 87% em pessoas HIV soronegativas e de 77% e 74% em pessoas vivendo com HIV. Mas a eficácia contra a gonorreia foi de apenas 55% em pessoas sem HIV e 57% em pessoas com HIV

Vale deixar bem claro que este esquema em nada protege contra infecções sexualmente transmissíveis de tipo virais como hepatite C, HPV, herpes simples, HTLV, Varíola dos macacos

Como Funciona o DoxyPEP

A Profilaxia pós-exposição com doxiciclina atua no organismo inibindo a síntese de proteínas em bactérias, incluindo aquelas responsáveis por algumas ISTs. A doxiciclina especificamente interfere na capacidade das bactérias de crescerem e se reproduzirem, o que ajuda a controlar e eliminar a infecção.

A Doxiciclina já é usada há muitos anos para tratamento de várias ISTs de origem bacteriana, a dose e tempo de tratamento varia conforme o agente, localização, tempo de evolução de sintomas, etc.

Dentre as ISTs que podem ser tratadas com doxiciclina nós temos:

  • ## A Chlamydia trachomatis: uma das ISTs mais comuns mundialmente.
  • ## A Sífilis: Causada pela bactéria Treponema pallidum, e o tratamento padrão de primeira escolha para a sífilis primária, secundária e latente precoce a penicilina benzatina, especialmente em gestantes para a prevenção da transmissão da infecção ao feto. No entanto, a doxiciclina é ocasionalmente usada como uma alternativa quando o paciente é alérgico à penicilina ou quando a penicilina não está disponível.
  • ## A Gonorreia: infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. A doxiciclina pode ser considerada como tratamento complementar ou alternativo
  • ## O Mycoplasma genitalium. Bactéria bem chatinha que geralmente causa infecções como doença inflamatória pélvica em mulher, uretrites em ambos os sexos e prostatite em homens
  • ## A Uretrite não gonocócica: é uma infecção da uretra que aparece com dor intensa e muitas vezes com saída de secreção, é geralmente causada por bactérias que não são a neisseria gonorrhoeae mas que pode ser tratada com doxiciclina também.

Preocupações com a DoxyPEP

Ao utilizar o esquema de DoxyPEP no contexto das ISTs, é importante estar ciente de algumas preocupações específicas, entre elas podemos citar:

Resistência aos Antibióticos com seleção de bactérias resistentes.

O uso inadequado ou excessivo de qualquer antibiótico pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana e com a doxiciclina não é diferente. Qualquer antibiótico interfere na microbiota do indivíduo em tratamento e na microbiota ambiente, então não se trata de uma ação com consequências individuais, a longo prazo a consequência é coletiva.

Dentre as ISTs bacterianas, por exemplo, nós vivemos um problema com gonorreia multirresistente ao ponto da organização mundial de saúde lançar um alerta sobre a supergonorreia ainda em 2017!

Efeitos Colaterais ao próprio indivíduo.

Assim como outros medicamentos, a doxiciclina pode causar efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarréia e sensibilidade à luz solar. assim como quadros mais graves como colite por clostridium difficile,

Gravidez e Lactação

O uso de DoxyPEP não é recomendado durante a gravidez e a amamentação, pois pode afetar o desenvolvimento dos ossos e dentes do feto e do lactente.

Interações Medicamentosas

O DoxyPEP pode interagir com outros medicamentos, portanto, é importante informar seu médico sobre todos os medicamentos que você está tomando no momento.

Não faça uso de antibióticos sozinho mesmo que você tenha porventura algum comprimido que “ sobrou” do último tratamento. discuta sempre com o seu médico de confiança sobre os prós e contras dessa medida em cada situação. lembrando que a eficácia em mulheres também não está comprovada. Que estas medicações só protegem contra infecções bacterianas sensíveis a ele. e lembrando também que a pessoa pode ter uma infecção ativa assintomática mediante a qual fazer uso de uma dose única de 200mg de doxiciclina como o preconizado para a profilaxia, pode não apenas não tratar a infecção oculta quanto deixar a bactéria mais forte. Então nada de sair por aí tomando atitudes intempestivas após uma possível exposição sexual de risco. Se acalme, rapidamente tome o controle e procure um médico infectologista de sua confiança o mais rápido possível.

Fontes:

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Dra. Keilla Freitas
CRM-SP 161.392 RQE 55.156-Residência médica em Infectologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com complementação especializada em Controle de Infecção Hospitalar pela USP (Universidade de São Paulo); Pós-Graduação em Medicina Intensiva pela Universidade Gama Filho; Graduação em Medicina pela ELAM, com diploma revalidado por prova de processo público pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso); Experiência no controle e prevenção de infecção hospitalar com equipe multidisciplinar no ajustamento antimicrobiano, taxa de infecção do hospital e infectologia em geral, atendendo pacientes internados e com exposição ao risco de infecção hospitalar; Vivência em serviço de controle de infecção hospitalar, interconsulta de pacientes cardiológicos e imunossuprimidos pós-transplante cardíaco no InCor (Instituto do Coração) ; Gerenciamento do atendimento prestado aos pacientes internados em quartos e enfermarias, portadoras de doenças crônicas e agudas com necessidades de cuidados e controles específicos.


https://www.drakeillafreitas.com.br/quem-somos/

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