Febre: Saiba mais
Publicado: 09/07/2024
Publicado: 09/07/2024
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Existe uma série de recursos para manter o nosso corpo dentro de uma faixa aceitável de temperatura ótima para o adequado funcionamento de nossas funções vitais. Independente da temperatura ambiente e das condições externas.
A faixa de temperatura corporal normal para um ser humano adulto é de 36,5°C a 37,5°C. No entanto, a temperatura pode variar ligeiramente ao longo do dia, sendo geralmente mais baixa pela manhã e mais alta à noite.
A temperatura corporal mínima compatível com a vida varia de pessoa para pessoa e depende de diversos fatores, como idade, estado de saúde e tempo de exposição ao frio. Mas no geral, temperaturas corporais abaixo de 35ºC são consideradas hipotermias graves e incompatíveis com a vida.
No outro extremo, temos as hipertermias. Temperaturas corporais acima de 40ºC são consideradas perigosas para a vida por danos irreversíveis aos órgãos internos e a partir de 42°C, as proteínas do corpo começam a se desnaturar, o que pode levar à falência múltipla de órgãos e sistemas.
Mas quando falamos dessa faixa de temperatura estamos nos referindo à temperatura real dentro de nosso corpo. O que conseguimos fazer aqui no dia a dia medindo de fora são estimativas de nossa temperatura corporal.
É por isso que o que as medidas consideradas febre variam conforme o local e forma de medição.
A febre não é uma doença em si, ela é uma resposta natural do corpo a diferentes estímulos, um sinal de que alguma coisa não vai bem com o nosso corpo. É a expressão de um processo inflamatório geral do corpo
Ela ocorre quando o hipotálamo, uma região do cérebro responsável pela regulação da temperatura corporal, aumenta o ponto de ajuste da temperatura
O hipotálamo faz isso em resposta a algum estímulo com o objetivo de proteger o nosso corpo pois ao aumentar a temperatura, o corpo cria um ambiente menos favorável para a proliferação de vírus e bactérias, além de estimular o sistema imunológico a combater a infecção ou outros agentes agressores não infecciosos de forma mais eficiente.
Ou seja, a febre é a prova de que nosso sistema imune está trabalhando.
A febre não necessariamente é ruim.
Uma febre baixa sem maiores sintomas de mal estar associados a ela pode-se deixar evoluir sem a ansiedade de baixá-la rapidamente, especialmente aquela febre baixa que pode ocorrer após o recebimento de vacinas. É como se nós deixássemos o nosso sistema imune trabalhar, tolerando ali uma febre baixa. Muitas vezes ela irá abaixar sozinha após algum tempo.
Por outro lado, isso também não quer dizer que uma pessoa precise ficar sofrendo com sintomas relacionados a febre para “esperar ver até onde vai”, pois isso não se justifica. De forma geral: Febre baixa com bom estado geral pode apenas observar, enquanto febre muito alta ou febre independente do valor associado a mal estar, deve ser medicado
Nem toda febre é igual a infecção assim como nem toda infecção tem febre.
É claro que mediante um quadro de febre a primeira coisa que precisamos pensar é em infecção. No entanto, assim como a ausência de febre não exclui com quadro infeccioso, a presença da febre em si não o confirma.
É comum que as pessoas meçam a febre usando o dorso das mãos na testa, na nuca ou mesmo nos pés. Algumas mães até colocam o dorso na mão na testa delas e depois comparam com a da criança. Essa não é uma via válida e não devemos confiar nela para diagnóstico de febre.
A única maneira segura e verdadeira de sabermos a temperatura do corpo é com um termômetro.
Apesar daquele modelo antigo com mercúrio ter tido sua comercialização proibida há vários anos, existem diferentes modelos de confiança no mercado, modelos digitais e testa ou de ouvido vêm ganhando popularidade. Existem até mesmo novos smartwatches que possuem esta função integrada. O importante é estar validado pela Anvisa para ter segurança em sua medição.
Outro fator importante ao aferir a temperatura é escolher a região do corpo para tal. As opções mais comuns são: axilas, testa, ouvidos, boca ou ânus. Cada uma delas com características diferentes.
As regiões mais superficiais, como a testa, muito queridas por muitas mães devido à rapidez de medição, estão mais sujeitas à temperatura ambiente e variam mais. Essa área também possuem uma menor vascularização e suas temperaturas são naturalmente mais baixas que outras áreas mais centrais .
A axila é o local mais usado no Brasil, inclusive em centros de cuidados de saúde mas não é o mais confiável entre os métodos. Apesar de estar menos sujeito a mudanças ambientais que a testa ainda pode sofrer este tipo de influência. Além disso, o tecido adiposo em pessoas mais obesas ou muito magrinhas podem atrapalhar a acurácia da medicação.
Você pode sim seguir medindo a temperatura pela axila, mas precisa levar essas coisas com consideração.
Medidas mais centrais como como o tímpano (dentro dos ouvidos), orais e anais trazem medidas bastante fidedignas e são naturalmente mais quentes que as demais. são pouco usadas no Brasil, mas por questão cultural que qualquer outra coisa.
Antes de medir a temperatura em qualquer local, a primeira coisa é nos assegurar:
A medição da temperatura retal é uma das medidas mais fidedignas que existem.
Para medir por esta via temos que ter alguns cuidados:
Medição da temperatura pelo tímpano tem um termômetro específico.
Todo mecanismo de aferição de temperatura corporal é uma estimativa da temperatura interna real.
Aferições em locais mais periféricos, como testa e axilas possuem maior risco de erro. Uma pele úmida, por exemplo, pode interferir na leitura do aparelho.
Uma pessoa mais magrinha com uma fina capa de gordura no corpo, pode ter uma temperatura axilar bem mais alta que uma pessoa mais obesa mesma que ambas estejam com a mesma temperatura corporal
Sobretudo em casos de febre, é fundamental considerarmos situações como ambiente muito quente, uso de cobertores, banho quente logo antes da medição como fatores de confusão bastante comuns que erram a medida para mais.
Outro fator a ser considerado também é a calibração do termômetro. Na dúvida você pode por exemplo, medir a temperatura da mesma via em alguém que não tem nenhum sintoma de doença e ver se ele também está com a temperatura elevada. Se este for o caso, é melhor trocar de termômetro
Muitas das causas de febre são autolimitadas e você não precisa sair correndo para um pronto socorro imediatamente após ter uma febre a não ser que tenha algum sinal de alerta.
Febre alta não significa necessariamente uma doença grave da mesma forma em que febre baixa não necessariamente significa doença leve.
Em uma pessoa sem maiores comorbidades que comece a apresentar febre em vigência de um quadro clínico sem maiores sinais de gravidade: uma coriza, dor de cabeça ou mesmo uma diarreia, pode perfeitamente ser observada em casa nos seus primeiros dias.
Neste caso, é fundamental alguns cuidados para ajudar o seu organismo a se recuperar mais rápido como:
Se você não tiver nenhuma reação alérgica ou intolerância, os melhores medicamentos para controle de febre são:
Não é que nunca devam ser usados para tratamento de febre, mas deve-se evitar o uso deles até entender melhor a causa da febre.
Tudo isso porque dependendo do quadro e da causa o uso de alguns desses remédios pode trazer complicações sérias como insuficiência dos rins e sangramentos.
O uso de medicamentos como AAS, AINE e corticoide para tratamento de febre pode causar problemas de sangramentos e insuficiência renal
Mesmo remédios que se compra sem receita médica deve-se tomar cuidado na hora de tomar, prestando atenção nos nomes de sua composição
Muitas pessoas com alergias graves a alguns alimentos, já têm o excelente costume de ler a tabela nutricional de todos os alimentos antes de comprá-los.
Da mesma forma devemos fazer com os remédios que tomamos. Especialmente os remédios ditos sintomáticos. Aqueles remédios que tomamos para alivio de sintomas.
Muitos remédios sintomáticos relacionados a resfriado, por exemplo, independente do nome de fantasia têm entre seus componentes substâncias bastante conhecidas como paracetamol ou dipirona e se ingerirmos medicamentos diferentes que tenham a mesma substância, facilmente podemos ultrapassar a dose máxima segura para aquela substância.
Em alguns casos o simples fato de se ter uma febre Independente da temperatura ou de qualquer outro sintoma associado já é uma emergência médica.
Idosos são uma situação especial com relação à febre devido à sua Imunossenescência (processo natural de deterioração gradual do sistema imunológico decorrente do envelhecimento do organismo).
Simplesmente é muito difícil que um idoso tenha febre.
É mais fácil um idoso ter manifestações neurológicas inespecíficas relacionadas a um quadro infeccioso do que febre, situações como sonolência extrema e confusão mental costumam aparecer nos idosos antes mesmo da manifestação de qualquer sintoma localizatório de infecção.
É mais fácil que um idoso tenha hipotermia (queda da temperatura) que hipertemia.
É por isso que qualquer manifestação febril em um idoso frágil deve ser vista via de regra como uma emergência médica. Especialmente um idoso que claramente não costuma manifestar febre geralmente.
É o idoso que apresenta um estado de maior vulnerabilidade e risco de declínio funcional. Isso se deve a uma série de fatores como:
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