HIV e Nutrição
Publicado: 02/04/2024
Publicado: 02/04/2024
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Já é de conhecimento público a importância da boa alimentação para uma vida saudável e longevidade. A boa alimentação melhora a qualidade de vida geral, fornecendo os nutrientes que o corpo precisa e fortalecendo o sistema imune.
Mas exatamente o que seria uma boa alimentação? E no que esta alimentação adequada pode mudar para uma pessoa que vive com o vírus HIV?
Para pessoas que vivem com o vírus HIV, uma alimentação saudável e balanceada ajuda a controlar sintomas e complicações do vírus, além de reduzir os efeitos colaterais das medicações.
Quando falamos de HIV e nutrição precisamos tocar em 2 extremos indesejados:
Estas duas situações encontram-se em duas pontas de uma mesma infecção.
A primeira situação equivale a infecção pelo vírus HIV não tratada, com a multiplicação desenfreada do vírus no sangue levando a um estado de grande inflamação com alto gasto energético. O metabolismo basal, ou seja, a quantidade de energia que o corpo necessita para manter-se vivo em estado de repouso é muito maior que o habitual e aumenta quanto maior for a multiplicação do vírus HIV.
Isso não necessariamente tem relação com qualquer sensação de doença. Mas a pessoa pode sim perceber uma perda de peso não intencional que pode inclusive ser um sintoma importante o suficiente para levar a pessoa a procurar ajuda e buscar um diagnóstico.
Além disso, outras situações que costumam vir associadas pioram o problema como quadros de diarreia persistentes ou recorrentes, lipodistrofia, que a alteração do metabolismo das gorduras levando tanto a acúmulo quanto a perda onde não deveria como a perda da gordura das bochechas que dando uma face de doença bastante importante e a sarcopenia com aumento da perda de massa muscular.
Para outras pessoas esta percepção de doença não é tão clara uma vez que sem perceber no dia a dia ela acaba ingerindo uma quantidade de calorias que compensa o aumento dos gastos equilibrando a quantidade de energia mesmo com um maior catabolismo.
No momento em que o tratamento com antirretrovirais se inicia a carga viral começa a diminuir e com ela os níveis inflamatórios levando a uma diminuição da taxa metabólica basal.
Neste momento, uma pessoa pode passar de um extremo da balança para outro, mesmo sem nenhuma mudança em sua dieta ou na sua rotina diária de exercícios.
É algo parecido com o que ocorre com atletas de alto rendimento quando se aposentam. Por mais que seguem praticando atividade física e que reduzem o consumo energético, muitos ainda acabam consumindo mais energia do que gastam e a conta no final do dia não fecha levando-os a um aumento de peso.
A pessoa vivendo com o vírus HIV que antes parecia saudável ou que estava perdendo peso rapidamente com “cara de doente” começa a ganhar peso sem maiores esforços, até que passa a ser um problema se este aumento de peso não for de massa magra e sim de gordura.
Muitos pacientes acabam por associar este ganho de peso aos antirretrovirais, especialmente as mulheres, mas a verdade é que por mais que alguns antirretrovirais possam ajudar nisso, o problema maior é na verdade um ganho de saúde. mas obviamente que se esta situação não for bem administrada pode-se acabar trocando um problema por outro, levando ao excesso de peso que a longo prazo também trás inflamação e junto a ela muitas complicações.
Inflamação é uma palavra chave no paciente que vive com o vírus HIV.
Após alcançar a carga viral indetectável de forma sustentada e mantendo o uso dos medicamentos antirretrovirais a infecção passa a se comportar muito mais como uma espécie de diabetes mellitus compensada em termos inflamatórios que com uma doença infecciosa propriamente dita.
Dito isso, tudo o que não podemos permitir é maiores inflamações, especialmente excesso de peso com aumento de gordura corporal que tanto inflama o nosso corpo.
Calorias são a energia dos alimentos que fornecem combustível ao corpo. se você consumir menos calorias do que seu corpo está gastando no dia a dia pode aumentar a perda de massa magra. Isso é um problema com o qual se preocupar ainda mais quando se está tentando perder peso, mas antes de falar sobre a qualidade do que se come vamos falar sobre energia do que comemos:
Os valores passados a seguir, são uma média. Cada pessoa tem uma taxa metabólica que pode inclusive mudar com a idade e com a rotina de atividade física. o ideal é procurar um médico nutrólogo ou nutricionista para te avaliar, entender suas necessidade e seus objetivos e fazer toda uma programação personalizada para você que inclusive pode mudar conforme o seu momento de vida
Só que mais importante que saber o número geral de calorias a se consumir no dia, é saber realmente a qualidade do que compõe a dieta. Qual deve ser na porção adequada de cada tipo de alimento.
A Proteína ajuda a construir músculos, órgãos e um sistema imunológico forte. A quantidade média mínima indicada de proteína em um dia, também varia.
Escolha sempre carne de porco ou boi extra magra, peito de frango sem pele, peixe e laticínios com baixo teor de gordura.
Para obter proteína extra, espalhe manteiga de nozes em frutas, vegetais ou torradas; adicione queijo a molhos, sopas, batatas ou vegetais cozidos no vapor; adicione atum enlatado a saladas ou caçarolas.
carboidratos simples como doces, bolos, biscoitos ou sorvetes são os maiores vilões das dietas e pró inflamatórios, são extremamente viciantes e por isso difíceis de abandonar para a grande maioria das pessoas. Eles não ajudam ninguém e devem ser evitados a todo o custo. No entanto, Carboidratos complexos são muito importantes em nossa vida, pois são os responsáveis por nos dar energia.
Coma de cinco a seis porções (cerca de 3 xícaras) de frutas e vegetais todos os dias.
Escolha produtos com uma variedade de cores para obter a mais ampla gama de nutrientes.
Escolha legumes e grãos integrais. Caso não tenha sensibilidade ao glúten coma farinha de trigo integral, aveia e cevada, Mas se você for intolerante ao glúten, opte por arroz integral, quinoa e batata doce como fontes de amido. Se você é diabético ou pré-diabético ou tem resistência à insulina, a maior parte dos carboidratos deve vir de vegetais.
Muito se fala em gordura como o grande vilão da obesidade central também conhecida como gordura visceral e riscos tromboembólicos como infartos do coração.
No entanto, as gorduras são muito importantes para o nosso corpo fazendo coisas como:
O problema está como sempre na quantidade e na qualidade.
Existem 3 tipos de gorduras:
As gorduras trans são as maiores vilãs para nossas veias, o ideal seria realmente não consumi-las, não traz nada de bom e ainda aumenta os níveis de colesterol ruim e abaixa os níveis de colesterol bom.
uma média de consumo diário adequado de gorduras saudáveis é de no máximo 30% do total das calorias diárias. Sendo que as Gorduras saturadas devem corresponder a menos de 7% do consumo total de calorias do dia, lembrando que gorduras são muito calóricas, então pequenas quantidades já podem ocupar uma boa parte da cota diária de calorias.
Vitaminas e sais minerais regulam todos os processos metabólicos de nosso corpo, pessoas vivendo com HIV, precisam de dose adicional deles para ajudar a reparar e curar as células danificadas.
=> Vale pontuar que não existe nenhum estudo comprovando a eficácia na suplementação geral e irrestrita de polivitamínicos. Eu particularmente não gosto deles, mais vale medir as suas vitaminas, avaliar sua rotina de alimentação, características que podem interferir em sua absorção e a partir daí avaliar se existem e quais seriam as vitaminas que valeria a pena suplementar. Muitas vezes esta suplementação será para a vida toda pois terá benefício apenas enquanto ingeri-la, em outras as condições mudam e a suplementação não será mais necessária.
Injeção de vitaminas são raramente necessários. Eles são indicados principalmente em caso de má absorção como pacientes com histórico de cirurgia bariátricas ou doenças gastrintestinais confirmadas com doença de chron, anemia perniciosa. etc.. De forma geral, a ingestão da vitamina adequada com a dose correta é mais do que suficiente para suprir as necessidades.
https://www.health.ny.gov/publications/0151.pdf
https://www.webmd.com/hiv-aids/nutrition-hiv-aids-enhancing-quality-life
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