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Doença do carrapato: a picada que mata rápido

Doença do carrapato: a picada que mata rápido
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Doença do Carrapato

A Febre Maculosa ou Doença do Carrapato, também chamada de Rickettsiose ou Febre das montanhas rochosas, é uma infecção que pode ser extremamente grave.

Ela pode levar rapidamente à morte em até 30% dos casos não tratados adequadamente.

A principal forma de evitar a morte é dar o remédio certo o mais rápido possível.

Seu quadro clínico é muito variado, o que pode acabar retardando o diagnóstico por ser facilmente confundida com outras infecções.

Pensar no diagnóstico e começar o tratamento o mais rápido possível faz a diferença entre a vida e a morte.

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É causada por uma bactéria da ordem das Rickettsias.

No Brasil, a bactéria comumente associada a esta infecção é a Rickettsia rickettsii.

Onde esta Infecção Existe:

  • Estados Unidos
  • México
  • Canadá
  • Países da América central
  • Bolívia
  • Argentina
  • Brasil
  • Colômbia

Como se Transmite a Doença do Carrapato

A doença do carrapato ou Febre Maculosa é transmitida através da picada de um vetor.

Pessoa doente não transmite a infecção para outra pessoa.

Doença do carrapato: a picada que mata rápido
Modificado de: emedicinehealth

Vetores

  • Carrapato da perna preta (Ixodes scapularis) ou Carrapato do Veado
  • Carrapato estrela (Amblyomma americanum) – mais comum no nosso meio
      • Está presente em áreas verdes onde há circulação dos seus hospedeiros em especial capivaras e cavalos
      • No ambiente, permanecem em locais onde há vegetação ou acúmulo de folhas sobre o solo
      • NÃO infesta o interior de domicílios e edificações
      • NÃO permanece em caminhos calçados ou de solo exposto
  • Carrapato do cachorro (Dermacentor variabilis)

Animais equídeos (cavalos) roedores como a capivara e marsupiais como o gambá não Transmitem a Infecção. Mas podem ajudar propagar a doença se infestados com carrapatos infectados.

Como o Carrapato se Infecta

  • Ao picar algum animal infectado pela bactéria
  • De um carrapato a outro no ato da cópula
  • De mãe carrapato para larva (transestadial)

Como o Carrapato Passa a Infecção para o ser Humano?

Uma vez infectado, o carrapato é capaz de transmitir a doença por toda a vida, que dura de 18 a 36 meses.

A bactéria fica alojada então nas glândulas salivares do carrapato.

  • Picada do carrapato

O carrapato infectado contaminado transmite a bactéria ao ser humano ou outros mamíferos ao picá-los. Mas geralmente ocorre quanto o carrapato permanece aderido ao hospedeiro.

  • Contato direto com fluidos do carrapato

Além disso, este organismo pode infectar pessoas que removem carrapatos de outras pessoas ou animais com as mãos sem proteção,especialmente ao matar o carrapto apertando ente as unhas colocando a pele sã em contato com a hemolinfa do carrapato infectado.

Como o ser humano se expõe ao risco?

  • Quando entra em contato com a vegetação ou acúmulo de folhas secas de locais propícios à presença do carrapatos
  • Ao manipular folhagens secas sem proteção adequada
  • Quando entra em contato com animais hospedeiros do carrapato

Ambientes de risco

  • Parques
  • Praças
  • Fazendas
  • Pastos
  • Matas
  • Pesquieros
  • Vegetação das margens dos rios, córregos ou lagoas
  • Áreas sombreadas são mais favoráveis

Quadro Clínico:

O período de incubação (tempo entre a picada e o inicio de sintomas varia entre 2 e 14 dias.

Local da Picada

Encontrar a marca da picada pode ser importante para a suspeita diagnóstica diante de um quadro típico.

Geralmente a Febre maculosa ou doença do carrapato não cursa com coceira no local da picada.

Sintomas Iniciais Inespecíficos da Doença do Carrapato:

  • Febre
  • Dor de cabeça (que pode ser intensa ou não)
  • Mal estar
  • Mialgia (dor muscular)
  • Artralgia ( dor nas articulações, juntas)
  • Náuseas, vômitos
  • Diarreia
  • Dor abdominal (que pode ser bem grave, confundindo o diagnóstico com doenças cirúrgicas como apendicite, obstrução intestinal, colecistite, etc.)
  • Tosse
  • Inchaço nos membros inferiores.
  • Eritema conjuntival (olhos vermelhos)

Petéquias (Rash)

O Rash petequial é um sinal muito característico e está presente em quase 90% dos pacientes com a doença do carrapato.

Geralmente começa apenas depois de 3 a 5 dias do inicio dos sintomas (apenas 14% de quem tem rash inicia no primeiro dia dos sintomas).

A lesão inicial tem um aspecto eritematoso pálido com pápulas (bolinhas avermelhadas de até 4mm de tamanho).

Depois de um tempo, essas lesões iniciais tornam-se petéquias.

Algumas pessoas já podem iniciar o rash como petéquias, sem passar pelo aspecto inicial de máculas.

Elas se iniciam em tornozelos e punhos e depois se espalham para o tronco.

O rash que afeta palmas das mãos e plantas do pés são muito característicos da doença, mas geralmente aparece apenas em fases mais tardias.

Em alguns casos graves o rash pode confluir em só lugar, atrapalhando a circulação e causando necrose (morte do tecido).

Quando isso ocorre a doença pode ser confundida com meningococcemia entre outros.

Doença do carrapato: a picada que mata rápido

Complicações

Qualquer pessoa independente de idade ou doenças prévias pode evoluir com quadros graves da doença inclusive à morte se não for tratada corretamente de forma precoce, mas pessoas em extremos de idade e com doenças que levam à queda da imunidade são mais propensas a ter complicações pois possuem menos defesa e menos reserva no corpo.

  • Edema (inchaço de membros inferiores)
  • Anasarca (inchaço generalizado em todo o corpo)
  • Hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço)
  • Meningite, meningoencefalite (inflamação do cérebro)
  • Insuficiência renal
  • Complicações pulmonares como Pneumonia, edema, Insuficiência respiratória
  • Miocardite (Inflamação do coração)
  • Arritmia cardíaca
  • Coagulopatia (alteração da coagulação do sangue)
  • Sangramento cutâneo (da pele)
  • Sangramento digestivo
  • Sangramento pulmonar
  • As manchas podem se confluir levando a Necrose de pele

Evolução

Se não tratado, o paciente pode evoluir com estágio de torpor e confusão mental, alteração psicomotoras, evoluindo ao coma.

A mortalidade nessa fase chega a 80%.

Sequelas

Pessoas com quadros graves que sobrevivem podem ficar com sequelas, tais como:

  • Ataxia
  • Cegueira
  • Paralisia cerebral

Diagnóstico

Prova Terapêutica

Chamamos de tratamento empírico, o tratamento que fazemos para uma doença que ainda não temos a confirmação diagnóstica.

Quanto antes iniciarmos o tratamento da doença do carrapato, melhor a evolução da doença.

O tratamento específico deve ser iniciado preferencialmente até o 5º dia do inicio do sintomas.

Por isso, geralmente se opta por iniciar o tratamento logo que tenha-se a suspeita diagnóstica e depois tenta-se confirmar o diagnóstico.

Testes Sorológicos no Sangue

Teste feitos em sangue que identificam anticorpos produzidos pelo nosso organismo ao entrar em contato com a bactéria.

Anticorpos de tipo IgG e IgM já se positivam entre 7 e 10 dias após o inicio dos sintomas.

Confirmação de Doença Aguda Através de Sorologia:

Anticorpos positivos podem mostrar apenas contato prévio e não doença aguda.

Para confirmar doença ativa, ou seja, para podermos dizer que é a doença do carrapato é a causa dos sintomas, é necessário confirmação diagnóstica.

Para confirmar, deve-se repetir a dosagem de IgG e IgM após aproximadamente 21 dias do inicio dos sintomas.

O aumento das titulações iniciais em 4 vezes, confirma o diagnóstico de doença aguda.

IgM positivo com IgG negativo indica um falso positivo para contato e não confirma o diagnóstico.

Uma das causas de IgM ser falso positivo, pode ser a reação cruzada com outras infecções como dengue, leptospirose, etc.

Tipos de Testes Sorológicos:

  • Testes de Imunofluorescência Indireta – RIFI (faz diagnóstico em 95% dos casos)
  • Teste de Imunoensaio de enzima – EIA
  • Fixação de complemento – CF
  • Aglutinação em látex – LA
  • Hemoaglutinação indireta – IHA
  • Microaglutinação – MA

Limitações dos Testes Sorológicos:

  • Pacientes tratados precocemente, podem diminuir a criação de anticorpos, diminuindo a sensibilidade do exame
  • Não se pode esperar a positividade do exame para se iniciar o tratamento
  • Testes sorológicos não identificam o tipo específico de Rickettsia causadora da infecção

Biópsia de Pele

Este exame consiste em retirar um pedacinho de pele lesionada (rash) e analisá-las em microscópio com métodos específicos.

Para cada 10 pessoas com Febre Maculosa este teste consegue confirmar o diagnóstico em até 9 pessoas (até 90% de sensibilidade).

Mas uma vez positivo, o resultado é definitivo (100% de especificidade).

O inicio do tratamento antibiótico específico diminui a sensibilidade do teste.

Especialmente se o material para análise for coletado com  mais de 48 horas do inicio do antibiótico.

Exemplos de Teste Anatomopatológicos

  • Teste de imunofluorescência direta
  • Teste imunoenzimáticos

Teste molecular em biópsia de pele

São teste que identificam o material genético da bactéria no material de biópsia.

Utilizado apenas para fins de estudos e não tem uso na prática clinica.

Testes moleculares no sangue

Identificação do material genético da bactéria em amostras de sangue.

Não são testes usados de rotina na prática médica.

Teste é muito específico (uma vez positivo confirma o diagnóstico), mas de baixa sensibilidade (difícil de positivar).

Culturas

O Isolamento da bactéria por culturas é feita a partir das culturas feitas em:

  • Sangue
  • Outros tecidos (pele, pulmão, órgãos)
  • Carrapatos retirados do paciente

Tratamento

  • Doxiciclina
  • Cloranfenicol

O tratamento deve ser feito por no mínimo 7 dias e mantido até 3 dias após a resolução da febre.

Como se prevenir?

  • Evite contato com animais infestados por carrapatos
  • Se você tem animais como cachorros ou cavalos cuide para que eles não se infectem por carrapatos.  

Caso seja picado por carrapato, ou tenha tido contato com carrapato, tenha visitado ou more em área sabidamente de transmissão de Febre Maculosa e comece a apresentar em até 15 dias seguintes um quadro de:

Febre de início súbito, cefaleia, mialgia, não deixe de relatar ao médico que te atender sobre este histórico, pois isso facilita o pensamento no diagnóstico. 

E se eu encontrar um carrapato agarrado?

  • Se for remover um carrapato:
    • use uma pinça para agarrá-lo e removê-lo cuidadosamente.
    • Nem todos os carrapatos estão infectados, mas trate-o como se estivesse:
      • mergulhando-o em álcool
      • ou jogando-o no vaso sanitário.
    • Limpe a área da mordida com anti-séptico
    • Lave bem as mãos.

Não existe indicação de antibióticos profilático após picada do carrapato, apenas observação clinica caso apresente sintomas dentro de 15 dias. 

Uma pessoa que já se infectou, pode se Infectar Novamente?

A infecção inicial pela doença do carrapato, geralmente confere imunidade para a vida toda.

Ou seja, espera-se que uma pessoa que já foi infectada fique protegida contra novas infecções, mesmo se tiver novos contatos.

 

Fonte: https://reference.medscape.com/slideshow/bug-bites-6004328


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Dra. Keilla Freitas
CRM-SP 161.392 RQE 55.156-Residência médica em Infectologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com complementação especializada em Controle de Infecção Hospitalar pela USP (Universidade de São Paulo); Pós-Graduação em Medicina Intensiva pela Universidade Gama Filho; Graduação em Medicina pela ELAM, com diploma revalidado por prova de processo público pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso); Experiência no controle e prevenção de infecção hospitalar com equipe multidisciplinar no ajustamento antimicrobiano, taxa de infecção do hospital e infectologia em geral, atendendo pacientes internados e com exposição ao risco de infecção hospitalar; Vivência em serviço de controle de infecção hospitalar, interconsulta de pacientes cardiológicos e imunossuprimidos pós-transplante cardíaco no InCor (Instituto do Coração) ; Gerenciamento do atendimento prestado aos pacientes internados em quartos e enfermarias, portadoras de doenças crônicas e agudas com necessidades de cuidados e controles específicos.


https://www.drakeillafreitas.com.br/quem-somos/

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