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Covid Longa – Saiba Mais

Covid Longa
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Síndrome pós covid, covid persistente ou covid-19 longa, abarca uma ampla gama de problemas de saúde novos, recorrentes ou contínuos que as pessoas experimentam após serem infectadas pelo novo coronavírus.

Assim como fez tantas vezes em sua história com as mais diversas infecções, A VACINA contra a Covid-19 dividiu a doença em duas eras e mudou os rumos da pandemia:

  • Era pré-vacina:
    • Com milhões de pessoas morrendo em todo o mundo, filas de pessoas nos hospitais, UTIs lotadas vários leitos de UTI com máquinas de circulação extracorpórea.
  • Era pós vacina:
    • Com uma quantidade infinitamente menor de pessoas nos hospitais e aqueles com indicação de internação em sua grande maioria devido ao quadro de descompensação de doença de base

Alguns estudos mostram que metade dos pacientes que necessitam de cuidados hospitalares tiveram piora da qualidade de vida, esta prevalência é ainda maior dentre os pacientes com indicação de tratamento em unidade de terapia intensiva.

Mas aí temos 2 coisas, sintomas relacionados às sequelas das complicações diretas relacionadas ao Covid e aqueles sintomas relacionados diretamente ao covid-19 e que não possuem relação com a gravidade do quadro agudo em si.

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Os efeitos multi orgânicos podem envolver muitos sistemas do corpo, incluindo o coração, pulmão, rim, pele e cérebro. 

Como resultado desses efeitos, as pessoas que tiveram COVID-19 podem ter maior probabilidade de desenvolver novas condições de saúde, como diabetes, doenças cardíacas ou neurológicas, em comparação com pessoas que não tiveram COVID-19

Evolução da Covid-19

Sobreviventes da Unidade de Terapia Intensiva – UTI

Entre os pacientes críticos com COVID-19, a taxa de incapacidade em seis meses não parece ser diferente daquela encontrada em pacientes com doença crítica não relacionada ao COVID-19, apesar de uma duração mais longa da ventilação mecânica

  • Fraqueza do doente crítico
    • Síndrome pós cuidados intensivos – PICS
      • Alterações psiquiátricas
      • Alterações cognitivas
        • Disfunção cognitivo/mental 26%
      • Alterações físicas
        • Fraqueza física – 39%
        • Rigidez/Dor articular – 26%
        • Mialgia (dor muscular) – 21%

Internação hospitalar

Aos 30 dias após a alta = 60% dos pacientes apresentavam algum grau de dependência de AVDs

Quase 40% dos pacientes foram incapazes de retornar às atividades normais após 60 dias da alta hospitalar. 

53% com capacidade funcional limitada após 4 meses da alta hospitalar

10% a 20% acaba reinternando nos próximos 30 a 60 dias após a alta hospitalar => geralmente relacionados à complicações relacionados a problemas embólicos como infartos, embolia pulmonar, outros problemas do coração, infecções principalmente pneumonia. 

Fatores de risco para reinternação

  • variante delta
  • não vacinação prévia
  • idosos > 65 anos
  • comorbidades pré existentes
  • Complicações diretamente relacionadas ao covid-19 agudo (pneumonia, embolias, sangramento, insuficiência renal)
  • internação hospitalar prolongada

O que é covid longa?

Síndrome pós covid, covid persistente ou covid-19 longa, abarca uma ampla gama de problemas de saúde novos, recorrentes ou contínuos que as pessoas experimentam após serem infectadas pelo vírus que causa o COVID-19.

A maioria das pessoas com COVID-19 melhora dentro de alguns dias a algumas semanas após a infecção, portanto, pelo menos quatro semanas após a infecção é o início de quando as condições pós-COVID podem ser identificadas pela primeira vez

Cerca de ⅓ das pessoas que se infectam por covid passam pela síndrome pós covid

Este conjunto de sintomas acabam culminando numa deterioração significativa da qualidade de vida comparada à existente logo antes do quadro infeccioso.

Toda sequela da covid, quando persistente, é considerada covid-19 longa? Como funciona o diagnóstico desse quadro?

Não há teste para diagnosticar condições pós-COVID, e as pessoas podem ter uma grande variedade de sintomas que podem vir de outros problemas de saúde. Isso pode tornar difícil para os profissionais de saúde reconhecerem estas condições.O diagnóstico é clinico e dinâmico.

Seu médico considera um diagnóstico de condições pós-COVID com base em seu histórico de saúde, inclusive se você teve um diagnóstico de COVID-19 por um teste positivo ou por sintomas ou exposição, além de fazer um exame de saúde.

É preciso ter cautela com o termo “sequela” pois pode dar a ideia de que é algo que não tem como reverter. E no caso da covid-19 não é exatamente o caso. É claro que essa evolução varia e para muitas pessoas o ocorrido ainda está se desenvolvendo.

Por outro lado, pessoas que apresentaram complicações durante o quadro agudo podem apresentar sequelas e isso não é a covid-19 persistente.

Quais órgãos e sistemas ela pode afetar?

Essa condição se deve ao processo inflamatório persistente que afeta todo o organismo.

Entre os mais afetados:

  • Sistema imune (imunossupressão) – com maior risco de outras infecções.
  • Sistema vascular (com maior risco de problemas cardiovasculares como embolia pulmonar, infartos do coração e isquemias cerebrais)
  • Pulmão (fibrose pulmonar) = disfunção pulmonar com sintomas desproporcionais à imagem (fadiga maior que o esperado para a alteração na imagem)
  • Coração (disfunção e fibrose cardíaca)
  • Sistema nervoso (com sintomas encefálicos ou musculoesqueléticos)

Sintomas após a fase aguda

Alguns sintomas como febre, arrepios, alteração do paladar se resolvem entre 2 a 4 semanas do início dos sintomas.

Uma porcentagem significativa pode apresentar sintomas por vários meses após a doença aguda, independente da gravidade do quadro agudo. existe registro de quadros inclusive em assintomáticos. 

Alguns estudos mostram sintomas persistentes após 12 meses da infecção.

  • SINTOMAS GERAIS
    • Cansaço ou fadiga que interfere na vida diária
    • Sintomas que pioram após esforço físico ou mental (também conhecido como “mal-estar pós-esforço”)
    • Sudorese
    • Dispneia
    • Diminuição do rendimento físico
    • Perda de apetite
  • NEUROLÓGICOS/PSIQUIÁTRICOS
    • Anosmia (perda do olfato)
    • Disgeusia (alteração do paladar)
    • Dor de cabeça
    • Dificuldade em pensar ou se concentrar (às vezes chamado de “nevoeiro cerebral”)
    • Perda de memória
    • Problemas de sono
    • Tontura ao se levantar
    • Insônia
    • Transtorno de estres pós traumático
    • Depressão/ansiedade
    • Psicose
    • Ataxia (incoordenação dos movimentos)
    • Epilepsia
  • PROBLEMAS DIGESTIVOS
    • Diarreias
    • Dor no estômago 
    • Disgeusia, falta de apetite
  • MÚSCULO ESQUELÉTICO
    • Artralgia (Dor articular)
    • Alterações músculo-esquelética (ex tendinite)
    • Mialgia (Dor muscular)
  • CARDIORRESPIRATÓRIO
    • Fatiga (13 a 87%)
    • Dispneia (10 to 71%)
    • Dor ou aperto no peito (12 to 44%)
    • Tosse (17 to 34%) 
    • Rinite
    • Rouquidão
    • coração acelerado ou palpitações
  • UROLÓGICO
    • Problemas para urinar
  • DERMATOLÓGICOS
    • rash
    • Alopecia
    • ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS
    • Transtorno de estresse pós traumático – 24% (que receberam alta do hospital)
    • Alterações de memória (18% relatou quadros  piorados ou novos)
    • queda de até 4 pts no teste de Aval. Cognitiva de Montreal (MoCA)
    • Problemas de concentração (16% relatou quadros  piorados ou novos)
    • Ansiedade/depressão  (22% relatou quadros  piorados ou novos)
  • OUTROS
    • Síndrome seca (olhos e boca seca)
    • mudanças no ciclo menstrual

Complicações cardiológicas

  • infarto do miocárdio, 
  • acidente vascular cerebral, 
  • arritmias, 
  • pericardite, 
  • miocardite, 
  • insuficiência cardíaca 
  • doença tromboembólica

 

Quais pessoas são mais vulneráveis a desenvolver a covid-19 persistente?

Pessoas com condições inflamatórias crônicas prévias como doenças reumatológicas, dores crônicas, obesidade, imunodeficiência, etc, possuem maior risco.

Também parece ser que mulheres em geral tem maior risco para desenvolver síndrome pós covid, enquanto homens em geral parecem ter maior risco de desenvolver complicações na fase aguda da doença.

 

As sequelas gerais a longo prazo afetam apenas aqueles que tiveram um quadro mais grave da doença?

O aparecimento da síndrome pós covid independe da gravidade dos sintomas, mesmo pessoas com quadros leves da doença podem desenvolver a covid-19 longa.

 

Atualmente, há algum tratamento focado na covid persistente? Como é feito o tratamento desses sintomas?

As estratégias de manejo para o tratamento das sequelas pós-covid variam muito, dependendo do perfil sintomático e das necessidades de cada paciente.

  • Acompanhamento MULTIPROFISSIONAL  pós quadro agudo com o infectologista como maestro
  • Avaliação cardíaca
  • acompanhamento da imagem pulmonar
  • avaliação da função pulmonar

 

Tratamentos conforme os sintomas

  • Dispneia
    • reabilitação
    • corticóide
  • Tosse
    • avaliação de outros fatores que podem piorar como DRGE, sinusite, asma
    • sintomáticos
  • Desconforto/aperto/dor no peito
    • Avaliação de outros fatores que podem contribuir com asma, problemas cardíacos, dor miosfascial, otostase, disautonomia)
    • Anti inflamatórios nã esteroide – AINE
    • Broncodilatadores
  • Alterações neurocognitivas
  • Sintomas olfativos/gustativos
    • Treinamento olfativo
    • Avaliação do Otorrinolaringologista -ORL
  • Alopecia
    • Tratamento conforme a causa
      • Uma das causas mais comuns de queda capilar, mesmo em pacientes se covid-19 é o estresse e ansiedade, considerando que estas duas doenças são bastante comuns na covid-19 longa esta causa deve ser sempre considerada
      • Avaliação nutricional
      • Avaliação hormonal
  • Fadiga, Baixa resistência e estado funcional
    • Fisioterapia Fitness
    • Neuromodulação
      • TDCS
      • Estimulação Magnética Transcrianiana
  • Hipercoagulabilidade/tromboses
    • Não é um sintoma mas leva a complicações então precisa ser avaliado e acompanhado com cuidado

 

vacina do covid-19 em pacientes com quadro pós covid-19

Dados observacionais sugerem que sintomas da síndrome pós  covid-19 podem melhorar após a administração da vacina SARS-CoV-2

 

A vacina tem alguma influência no não desenvolvimento de sequelas maiores?

A vacina tem um importante papel não apenas para prevenção de doenças graves, quanto redução do risco de desenvolvimento da covid longa

Como prevenir?

Consequentemente, o foco principal é (apropriadamente) no reconhecimento e tratamento precoces. O gerenciamento terapêutico se concentra na ressuscitação e tratamento imediato com antivirais, moduladores imunológicos e terapias direcionadas a citocinas para amortecer a resposta imune excessivamente exuberante, ou seja, “tempestade de citocinas” [2] responsável pela síndrome de disfunção de múltiplos órgãos.

Fonte:

Publicado em 26 de Abril de 2022, Revisado em 28 de Novembro de 2022


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Dra. Keilla Freitas
CRM-SP 161.392 RQE 55.156-Residência médica em Infectologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com complementação especializada em Controle de Infecção Hospitalar pela USP (Universidade de São Paulo); Pós-Graduação em Medicina Intensiva pela Universidade Gama Filho; Graduação em Medicina pela ELAM, com diploma revalidado por prova de processo público pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso); Experiência no controle e prevenção de infecção hospitalar com equipe multidisciplinar no ajustamento antimicrobiano, taxa de infecção do hospital e infectologia em geral, atendendo pacientes internados e com exposição ao risco de infecção hospitalar; Vivência em serviço de controle de infecção hospitalar, interconsulta de pacientes cardiológicos e imunossuprimidos pós-transplante cardíaco no InCor (Instituto do Coração) ; Gerenciamento do atendimento prestado aos pacientes internados em quartos e enfermarias, portadoras de doenças crônicas e agudas com necessidades de cuidados e controles específicos.
https://www.drakeillafreitas.com.br/quem-somos/

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