Varíola do Macaco: Tudo o que Você Precisa Saber Infecção Viral Medicina do Viajante Medicina Tropical Notícias 25/07/202216/05/2024 Conteúdo ToggleO que é Varíola do macaco ?Trata-se da mesma varíola humana ?EpidemiologiaComo ocorre a transmissão?Transmissão animal – ser humano:Transmissão ser humano – ser humano:Varíola dos macacos na gestação e amamentaçãoTempo de transmissãoSintomasTempo de incubaçãoPródromosRashManifestação extra-cutâneaEvoluçãoDiferenças dos sintomas do surto atual para o clássicoComplicaçõesDiagnósticoTeste molecular – Reação em Cadeia de Polimerase – PCRDiagnóstico diferencialDefinição de caso suspeitoDefinição de caso provávelTratamentoTratamento com antiviraisComo prevenirPessoas expostasAlto grau de exposiçãoMédio grau de exposiçãoBaixo grau de exposiçãoMonitoramento de pessoas expostasSintomas de preocupação:VacinasQuem já foi vacinado para a varíola está protegido contra a varíola dos macacos?Podemos realizar vacinação em massa?Profilaxia pós exposiçãoImunoglobulina vacinalEsta doença pode virar uma pandemia como a Covid-19? CompartilheDesde junho de 2022, vários centros de controle de doenças infecciosas ao redor do mundo vem reportando casos confirmados e suspeitos de Varíola do macaco em lugares sem antecedentes dessa doença. Siga lendo este artigo para saber um pouco mais sobre isso. O que é Varíola do macaco ? É uma infecção viral que causa lesões cutâneas (em pele) similares à varíola. Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma doença que afeta naturalmente animais, mas pode infectar seres humanos Trata-se da mesma varíola humana ? Você Suspeita Estar com Alguma Infecção? Agende Hoje mesmo uma Consulta com infectologista. Ligar agora Whatsapp Não. A varíola humana foi erradicada em todo o mundo nos anos de 1970. O último caso de varíola humana no Brasil foi registrado em 1971 A varíola do macaco é causada por um vírus da família da varíola humana e causa quadros, a principio mais leves que a humana. Epidemiologia O macaco não é o principal animal transmissor da varíola do macaco Apesar do nome, o macaco não é o culpado pela disseminação da Varíola do macaco. Chama-se assim, simplesmente porque o vírus causador dela, o ortopoxvírus, foi isolado pela primeira vez em 1950 na Dinamarca em uma colônia de macacos africanos doentes. Este vírus é geneticamente similar ao vírus da varíola. OU seja, é um parente. Existem duas cepas distintas de varíola dos macacos em diferentes regiões geográficas da África. Este vírus não é novo, ele foi identificado pela primeira em humanos nos anos 1970 no Congo (antigo Zaire) O primeiro surto dos Estados Unidos ocorreu em 2003 após a importação de roedores infectados vindos da África. Distribuição atual de casos suspeitos e confirmados de Varíola do macaco em regiões não endêmicas entre 13 e 21 de maio de 2022 – Fonte: OMS Acompanhe os casos no mundo (atualizados): https://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/response/2022/world-map.html Como ocorre a transmissão? O reservatório do ortopoxvírus permanece desconhecido, mas provavelmente são os roedores Macacos e humanos são hospedeiros incidentais. Ou seja, o vírus não se multiplica nesses seres. Transmissão animal – ser humano: São principalmente roedores (esquilos de corda, esquilos de árvore, ratos, arganazes), Diferentes espécies de macacos Contato direto com animais infectados Mordedura de animais infectados Arranhão de animais infectados Ingesta de carne de animal contaminado (não está muito bem estabelecido) Transmissão ser humano – ser humano: Contato próximo através de gotículas respiratórias grandes que expelimos na saliva ao falar, espirrar ou mesmo conversar Deve-se estar cara a cara com a pessoa a menos de 2 metros por mais de 3 horas sem o uso de equipamentos de proteção pessoal Contato direto com as lesões de pele (desde o aparecimento das lesões até a total revitalização das lesões cutâneas – crosta também transmite o vírus) Contato direto com líquido saído das lesões de pele Contato indireto com fômites (objetos contaminados) O vírus não fica circulando no ar como o coronavírus ou influenza. Não é uma doença de transmissão sexual – não temos confirmação de transmissão por fluido sexual Varíola dos macacos na gestação e amamentação Ainda não temos casos no mundo de transmissão vertical, mas pela literatura, a transmissão da mãe para o feto pela placenta ou no parto é possível. Também não temos certeza quanto a transmissão pelo leite materno. Até o momento, a recomendação para amamentação é seguir amamentando, tampar as lesões e que a mãe use máscara cirúrgica durante o contato com o bebê Tempo de transmissão A pessoa transmite a doença desde o aparecimento da primeira lesão de pele até o momento em que todas as lesões estiverem completamente secas. Sintomas Tempo de incubação O tempo entre o primeiro contato com o vírus e inicio dos sintomas pode variar de 5 a 21 dias, a média é de 14 dias Pródromos sintomas iniciais inespecíficos (parecido com várias outras infecções) => dura em geral de 2 a 3 dias. Febre Astenia (cansaço, desânimo) Dor de cabeça Mal estar Mialgia (dor muscular) Náuseas / vômitos Disfagia (dificuldade para engolir alimentos ou líquidos) Linfadenopatia localizadas especialmente em baixo do braço ou virilha Rash UpToDate As lesões de pele típicas surgem por volta de 10 dias após inicio dos sintomas Elas se iniciam tipicamente no rosto e depois ocorrem nas mãos e pés, inclusive em palmas das mãos e plantas dos pés Nesse surto que está ocorrendo fora da africa os principais locais de aparecimento das lesões são região genital, períneo ou perianal, face, mãos e braços As primeiras lesões são máculo-papulares dolorosas (duras, baixinhas e vermelhas, parecendo uma espinha) Essas lesões crescem ficando mais altas e permanecem duras, Depois se transformam em um vesículas com liquido claro em seu interior Mais tarde este liquido claro pode ganhar aspecto de pus (pústulas) Essa vesícula estoura e forma crosta (seca) Pode-se encontrar lesões em diferentes fases de evolução (evolução pleomórfica) Fonte= UK Health Security Agency . Publicado em 30 de Maio de 2022 Manifestação extra-cutânea Mucosa Conjuntiva Oral Anal Genital Trato respiratório e pulmonar Sistema Nervoso central Evolução Trata-se de uma doença autolimitada, ou seja, se cura sozinha. Em geral, possui uma evolução bastante benigna, O tempo todo de sintomas costuma durar de 2 a 4 semanas Diferenças dos sintomas do surto atual para o clássico Pouco ou nenhuma linfadenomegalia Os principais locais de aparecimento das lesões são região genital, períneo ou perianal, muitas vezes não se encontra em outros locais. Pode-se encontrar lesões em diferentes fases de evolução (evolução pleomórfica) Lesões cutâneas estão precedendo manifestações sistêmicas, ou mesmo as manifestações sistêmicas não estão ocorrendo. Alguns casos sem lesão cutânea visível (apenas dor anal e sangramento anal como sintoma) Complicações Na África Central, a taxa de mortalidade é de aproximadamente 10% e as mortes geralmente ocorrem na segunda semana da doença. Infecção secundária das lesões Cicatriz cutânea Pneumonite Comprometimento intenso da mucosa oral e sistema digestivo levando a dificuldade de ingerir liquidos e alimentos Uveíte/conjuntivite Perda da acuidade visual Encefalopatia Acometimento do sistema nervoso central pelo vírus Abscesso retrofaríngeo Acometimento ocular quando as lesões estão próximas do olho óbito Diagnóstico Teste molecular – Reação em Cadeia de Polimerase – PCR Teste padrão outro Coleta de amostra deve ser feita a partir de: Lesões de pele o teto ou fluido de vesículas e pústulas e crostas secas Biópsia de pele Sangue Não deve ser coletado de rotina devido ao curto período da presença do vírus no sangue após inicio dos sintomas – muitos falso negativos (resultados negativos em pessoas que possuem a doença) Diagnóstico diferencial Varicela Varicela Zoster disseminado Sífilis secundaria Molusco contagioso Farmacodermia (alergia a medicação) Definição de caso suspeito O indivíduo de qualquer idade que, apresente: Febre súbita maior que 38,5ºC Adenomegalia (aparecimento de gânglios) Erupção cutânea (do tipo papulovesicular) de progressão uniforme Apresente um ou mais dos seguintes sintomas e que não se enquadre em outro diagnóstico após investigação dor nas costas, astenia (perda ou diminuição da força física) dor de cabeça Definição de caso provável O indivíduo que atende à definição de caso suspeito E um ou mais dos seguintes critérios: Ter vínculo epidemiológico Histórico de viagem para país endêmico ou com casos confirmados da doença nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas. Sem confirmação laboratorial Tratamento Na grande maioria das vezes o tratamento é suportivo (controle de sintomas) A maioria das pessoas sequer precisam de internação hospitalar Tratamento com antivirais Não existe nenhum antiviral recomendado para tratamento da varíola dos macacos. Existem alguns estudos em andamento, os 2 principais que podem ter efeito são: Bricidofovir (mais hepatotóxico) Tecovirimat Não existe nenhuma evidência de segurança dessa droga em grupos de risco. Esses medicamentos devem ser utilizados nesse momento, apenas em forma de ensaios clínicos. Como prevenir Isolar casos suspeitos e buscar confirmação diagnóstica Isolamento por gotícula e contato Tempo de isolamento após confirmação diagnóstica Até resolução completo das lesões com reepitelização (14-21 dias) Rastreamento dos contatos Separar os banheiros das pessoas não doentes Não depilar a pele durante o quadro da doença Evitar coçar a pele e caso o faça limpar as mãos imediatamente para evitar auto-inoculação do vírus, especialmente nos olhos. Manter as lesões secas Evitar coçar as lesões Caso haja necessidade de contato com outras pessoas, cobrir as lesões NÃO usar antibiótico profilático Preservativo NÃO previne o contagio Usar mascara cirúrgica (pessoas doentes e pessoas doentes e pessoas saudáveis que forem entrar em contato com pessoas doentes Não compartilhar utensílios domésticos Limpar com álcool as superfícies de contato Cuidados com roupas e roupas de cama Não chacoalhar Não levar para lavanderias comerciais Lavar com sabão e água (de preferência com a água a 60º C ou água com cloro) Pessoas expostas Alto grau de exposição Contato desprotegido entre a pele ou membranas mucosas de uma pessoa e a pele, lesões ou fluidos corporais de um paciente Qualquer contato sexual, Respingos inadvertidos de saliva do paciente nos olhos ou na cavidade oral de uma pessoa Contato com o paciente sem luvas, Contato desprotegido entre a pele ou membranas mucosas de uma pessoa e materiais contaminados como: Roupas Toalhas Utensílios Estar dentro do quarto ou a menos de um metro e oitenta de pessoa doente sem usar mascara N95 (ou equivalente) e proteção para os olhos durante: Qualquer procedimento que possa criar aerossóis de secreções orais, lesões de pele Ressuspensão de exsudatos secos (por exemplo, sacudir lençóis sujos) Médio grau de exposição Estar a menos de 1 metro e meio de pessoa infectada por mais de 3 horas sem proteção Baixo grau de exposição Esteve no mesmo quarto de pessoa doente sem usar proteção para os olhos, independente do tempo de permanência Estar a menos de 1 metro e meio de pessoa infectada por menos de 3 horas sem proteção Não temos a recomendação de isolamento dos contatos nesse momento, apenas acompanhamento do aparecimento de sintomas suspeitos ou lesões Monitoramento de pessoas expostas Contatos de animais ou pessoas confirmadas como tendo varíola dos macacos devem ser monitorados quanto a sintomas por 21 dias após a última exposição Monitorar a temperatura pelo menos 2 vezes ao dia em pessoas assintomáticas Sintomas de preocupação: Febre alta (acima de 38ºC) Arrepios Linfadenopatia (ínguas) periauricular (ao redor dos ouvidos), axilar (embaixo dos braços), cervical (pescoço) inguinal (virilhas) Rash Vacinas ACAM 2000 Sanofi-Pasteur Produzida a partir do vírus vaccínia vivo atenuado replicante Contraindicada para imunodeprimidos ou gestantes Aprovada pelo FDA para Varíola Reação adversa grave: miocardite, pericardite, encefalite, disseminação de lesões similares à doença LC16m8 Chemo-sero Therapeutic Research Institute (kaketsuken) Derivada da cepa Lister da vaccínia vivo atenuado replicante Reações adversas mais importantes Febre Adenomegalia local Sem eventos adversos graves Jynneos/Imvamune Produzida a partir do vírus vaccínia atenuada com replicação deficiente Para adultos acima de 18 anos Poucos efeitos colaterais Quem já foi vacinado para a varíola está protegido contra a varíola dos macacos? Possivelmente a vacina contra a varíola humana também tem proteção contra a varíola do macaco, o problema é que como a varíola humana já foi erradicada há muito tempo, existe uma baixa cobertura vacinal atualmente. No caso de um surto de casos em zonas muito populosas, poderia se utilizar a vacina já existente da varíola para proteção daquela população em específico Podemos realizar vacinação em massa? Não está recomendado a vacinação em massa. Não temos vacinas suficientes Não temos estudos sobre o efeito da vacinação na população como um todo Trata-se de uma doença de evolução benigna Não existe estudo de segurança das vacinas em pessoas de grupos de risco (crianças e imunodeprimidos) Profilaxia pós exposição Vacinação até o 5 dias após o contato (preferencialmente ate o 3º dia pós exposição) Imunoglobulina vacinal A imunoglobulina vacinal (VIG) é composta por anticorpos de indivíduos inoculados com a vacina contra a varíola. Não se sabe se uma pessoa com exposição à varíola dos macacos ou com infecção grave se beneficiaria Caso usada, deve ser em contexto de pesquisa clínica com coleta prospectiva de dados Esta doença pode virar uma pandemia como a Covid-19? Isso é extremamente improvável pois a via de transmissão é muito diferente. Quando um vírus possui transmissão por via respiratória a sua propagação se torna muito mais fácil, o que não é o caso da Varíola dos macacos. Além disso, momento mais transmissível da doença os sintomas são muito evidentes Não podemos nos esquecer também que este vírus, ao contrario do vírus da Covid-19, é conhecido desde 1.958. Artigo publicado pela primeira vez em 31 de Maio de 2022 e atualizado em 25 de Julho de 2022. Fonte: Monkeypox – WHO Monkeypox – NHS Monkeypox Virus Infection in Humans across 16 Countries — April–June 2022 NOTA TÉCNICA Nº 46/2022-CGPAM/DSMI/SAPS/MS – Variola dos macacos em gestantes Monkeypox cases confirmed in England – latest updates U.S. Monkeypox Outbreak 2022: Situation Summary Epidemiological, clinical and virological characteristics of four cases of monkeypox support transmission through sexual contact, Italy, May 2022 Monkeypox infection presenting as genital rash, Australia, May 2022 Manejo clinico e prevenção e controle de infecção para variola dos macacos – OMS/22 Monkeypox virus isolation from a semen sample collected in the early phase of infection in a patient with prolonged seminal viral shedding Você também pode se interessar por:Os Vírus Mais Mortais do MundoVacinas mais importantes para os adultosPé diabético: ConheçaCompartilhe Não tenha vergonha do HIV! 'Reserve a sua Consulta Hoje. Ligar agora Whatsapp