Doença Mão Pé Boca, infecção que causa lesões principalmente em boca, mas que geralmente afeta também mãos e pés.
Pode afetar não apenas crianças como adultos.
Quem causa
O principal agente causador é o Coxsackie vírus da família dos Picornavírus.
- Coxsackie vírus A16 (CVA16) – maioria dos casos
- Coxsackie vírus A4, A5, A6, A7, A8, A9, A10
- Coxsackie vírus B2, B3
- Coxsackie vírus B5
- Enterovirus 71 (EV 71) – associado a surtos com acometimento neurológico em alguns países do sudeste asiático)
- Echovirus 1
- Echovirus 4
- Echovirus 7
- Echovirus 19
Modo de transmissão
- Contato direto com lesões ativas
- Contato direto com secreções orais
- Contato direto com secreções respiratórias
- Ingerindo materiais ou alimentos contaminados pelas fezes de pessoas infectadas (via fecal-oral)
- Práticas sexuais orais: Boca-ânus (cunilíngua)
Tempo de transmissão
O vírus geralmente está presente nas fezes das pessoas infectadas por até 10 semanas, mas pode durar vários meses
Na secreção oral e respiratória, o vírus pode ser encontrado até 04 semanas.
Avaliações de transmissibilidade feitas em surtos ocorridas em creches, mostram que as crianças podem transmitir a infecção por até 7 dias apenas.
Pessoas infectadas não doentes também podem transmitir o vírus
Pessoas que ficaram doentes podem seguir transmitindo mesmo após a resolução dos sintomas
Período de incubação
O tempo entre o primeiro contato com vírus e o aparecimento de sintomas é geralmente de 3 a 5 dias. Podendo variar entre 2 e 7 dias.
Sintomas
Os sintomas costumam começar de forma inespecífica seguida de lesões mais sugestivas da doença
O quadro em si, se não houver complicações, é de gravidade moderada e autolimitado (se resolve sozinho)
O tempo de duração do quadro geralmente é de 7-10 dias.
Sintomas Inespecíficos
- Dor na boca ou garganta
- Mal estar
- Dor abdominal
- náuseas ou vômitos (especialmente nos casos causados pelo EV 71)
- Febre de 38-39ºC pode durar de 24-48 hs. Geralmente aparecem logo após o surgimento das lesões.
Lesões em mucosas
- Lesões maculares em região oral, língua e céu da boca
- Essas lesões evoluem para vesículas que se rompem se transformando em úlceras de base eritematosa (vermelhas)
- Estas lesões também podem ocorrer em região genital
Lesões em pele
Locais afetados
- Pés (dorso dos dedos, borda lateral, solas, calcanhares)
- Mãos (dorso dos dedos, área interdigital, palmas)
- Nádegas (geralmente mais maculopapular que vesicular)
- Pernas (parte superior das coxas)
- Braços
Tipos de lesão
- Exantema macular,
- Exantema maculo-papular,
- Exantema vesicular.
Características das lesões:
- Não coçam
- Não doem (exceto em alguns sorotipos como CV A6)
- Geralmente duram
Duração dos sintomas
Geralmente a resolução dos sintomas ocorre entre 7 e 10 dias
Complicações
A complicação mais comum é a desidratação ocasionada pela pouca hidratação oral devido à dor causada pelas lesões orais.
Entre os casos causados pelo CVA 16 apenas 6% apresentam alguma complicação.
Complicações neurológicas
Outras complicações menos frequentes (Geralmente relacionadas aos quadros causados pelo Enterovirus 71)
- Síndrome poliolike (sintomas sugestivos de infecção pela Poliomielite)
- Meningite asséptica (inflamação das meninges, sintomas meningite infecciosa)
- Encefalite (inflamação do cérebro)
- Encefalomielite (inflamação do cérebro e medula espinhal)
- Ataxia cerebelar aguda (alterações no modo de caminhar)
- Mielite transversa aguda (inflamação da medula espinhal)
- Síndrome de Guillain-Barré
- Síndrome Opsomioclônica
- Hipertensão intracraniana benigna (aumento da pressão dentro do cérebro)
Complicações não neurológicas
- Miocardite (inflamação dos músculos do coração)
- Pneumonite intersticial (inflamação do pulmão)
- Edema pulmonar (líquido no pulmão)
- Úlcera conjuntival
Como diagnosticar
Na maiorias das vezes, o manejo clínico é feito a partir do diagnóstico clínico sem confirmação do mesmo.
Em casos onde seja necessário a confirmação diagnóstico, esta pode ser feita de várias formas.
Tipos de exames
- Exames sorológicos (detecção de anticorpos específicos – geralmente feito no sangue)
- Testes moleculares
Tipos de amostras
- Biópsias de lesões em pele e/ou mucosas
- Swab de vesículas
- Swab retal
- Swab de garganta
- Sangue
Tratamento
Não existe tratamento antiviral específico para a Doença do Mão Pé Boca
O principal tratamento é o supor clínico dos sintomas e das complicações, que muitas vezes pode ser feita em casa, sem necessidade de internação hospitalar.
- Aumento da ingesta de líquidos para evitar desidratação (em caso de vômitos e outra condição que não permitam uma adequada hidratação, por via oral, esta deverá ser feita por via endovenosa)
- Evitar ingesta de alimentos ou líquidos picantes ou ácidos para evitar desconforto
- Tratar a febre com antitérmicos
- Tratar a dor com anti-inflamatórios não esteroides
- Anestésicos em spray para as lesões orais
- Em alguns casos, Imunoglobulinas ou milrinone podem ser necessários
Prevenção
Higiene
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