Papiloma Vírus Humano: Saiba mais sobre o HPV

O Papiloma Vírus Humano – HPV é um tipo de vírus que afeta apenas seres humanos. Existem mais de 100 subtipos e são tão prevalentes que estima-se que quase todos os homens e mulheres serão infectados por um ou mais de seus inúmeros tipos em algum momento da vida.

Só que a maioria das Infecções por HPV são eliminadas do organismo de forma natural durante até 24 meses após o contato, ou seja, ele não fica para sempre no organismo, não se cronifica e a pessoa se cura sozinha, como quando temos um resfriado comum.

Quando o organismo não consegue eliminar o HPV nesse período, a pessoa passa a ser uma portadora crônica do vírus e a partir daí tem duas opções de caminhos para o vírus percorrer: Ou ele fica hibernando inativo e não causa problema algum, ou ele começa a se replicar, ou seja, se multiplicar.

O vírus que está hibernando, sem se replicar, pode ficar assim pelo resto da vida da pessoa ou em algum momento, por uma queda da imunidade ou algum fator que não sabemos, ele acorda, pega um atalho para o outro caminho que é o da replicação e começa a se multiplicar.

Uma vez se multiplicando ele vai se alojar em algum lugar geralmente nas células epiteliais basais que ficam abaixo da pele ou mucosas.

Uma vez alojado nesse local (genital, anus, garganta) ele pode ser identificado nessas áreas através de testes coletados por swab. No início não há nenhuma lesão, apenas o vírus causando inflamação e se multiplicando alí.

Nesse momento, mesmo sem nenhuma lesão a pessoa portadora já pode transmitir o vírus a outra pessoa suscetível, caso tenha contato direto mucosa a mucosa sem proteção, seja por uma relação sexual sem preservativo penis anus, penis, vagina, vagina vagina, boca, penis, boca vagina, boca anus ou mesmo boca a boca.
Depois de algum tempo se multiplicando naquela região na qual se alojou o vírus finalmente causa sua lesão. este tempo vai variar de caso a caso e depende de vários fatores e apesar de ter tantos subtipos o HPV pode causar 2 tipos de lesões:lesões tipo verruga ou lesões que podem evoluir para cancer.

Ou seja, uma pessoa não precisa ter uma verruga pelo HPV para ter um cancer, mas uma pessoa pode \ser portadora de mais de um subtipo do vírus e ter lesões dos 2 tipos, Verrugas e pré-cancerígenas.

Mesmo depois das verrugas já instaladas, elas podem se resolver espontaneamente, sem tratamento , mas elas também podem aumentar de tamanho, se não forem tratadas. Agora, independente da evolução ou do tratamento da lesão, novas lesões podem aparecer pois o vírus permanece alojado nas células abaixo da pele.

Transmissão

Relações sexuais – As pessoas podem ser infectadas pelo HPV se a boca ou os órgãos genitais tocarem os órgãos genitais de alguém infectado.

Isso acontece principalmente por meio de sexo oral, vaginal ou anal.

Mas o HPV também pode ser transmitido através do contato próximo entre genitais, mesmo sem ter relações sexuais. Pessoas que tiveram muitos parceiros sexuais têm maior chance de contrair uma infecção por HPV. Muitas pessoas com HPV não sabem que têm a infecção. Portanto, é fácil espalhar para os parceiros sem perceber.

Como o vírus pode se alojar em qualquer parte da região genital, incluindo parte exterior, o uso de preservativo diminui o risco mas não o exclui.

O beijo na boca de uma pessoa com verrugas de HPV na região oral pode ser uma forma de transmissão.

Contato direto com as lesões

Se uma pessoa tiver (FIGURA 16) lesões verrucosas de HPV na mão e apertar a mão de outra pessoa esta outra pessoa pode se infectar?

Pode. Porém geralmente contatos mais breves não costumam ser suficientes para a transmissão.

Não transmite HPV – Não existe confirmação de meios indiretos como formas de transmissão como uso de assentos na academia, banheiros públicos, piscina, saunas, compartilhamentos de toalhas ou mesmo uso de roupas íntimas.

SINTOMAS

Os sintomas do HPV variam de acordo à área anatômica envolvida e o subtipo do vírus envolvido

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV demoram no mínimo de entre dois e oito meses, após o primeiro contato, mas pode levar mais de 20 anos para aparecer algum tipo de lesão ou mesmo nunca aparecer nenhuma lesão.

As manifestações clínicas costumam ser mais comuns em gestantes ou em pessoas com imunidade baixa.

As lesões do HPV podem ocorrer na área do intróito vaginal, lábios, vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande) mas também podem ser vistos na haste ou corpo do penis que são regiões mais secas, bolsa escrotal e/ou região pubiana. com uma frequência bem menor , podem se apresentar em áreas extragenitais, como conjuntivas e mucosas nasal, oral e laríngea ou mesmo cutâneas.

As verrugas cutâneas não genitais são mais comuns entre pessoas que trabalham como manipuladores de carnes, aves e peixes

Condiloma acuminado são Lesões tipo verrugas podem ser únicas ou várias, de tamanhos bastantes variados, inclusive podem ser tão pequenas que são difíceis de ser vistas a olho nu e precisa-se de uma lupa, ou ser tão grandes que chegam a obstruir o canal genital para um parto, por exemplo.

geralmente não doem a não ser que tenham alguma complicação como uma infecção bacteriana secundária, mas podem coçar ou mesmo sangrar especialmente se tornarem-se confluentes ou forem machucadas, as vezes até mesmo por roupas.

Seu aspecto pode variar dependendo da local do corpo afetado, mas o aspecto típico é o de uma couve flor. Mas também pode se apresentar como uma pápula lisa, ou lesões ceratóticas com superfície espessa e acidentada

Verruga vulgar são verrugas cutâneas não genitais causadas pelo HPV, aparece geralmente como pele queratinizada, presumivelmente no local da inoculação. A autoinoculação de uma verruga em um dedo pode causar a ocorrência de verrugas em um dedo adjacente ou em outra superfície da pele (as chamadas verrugas em beijo)

As verrugas cutâneas comuns aparecem como papulonódulos ou placas circunscritas, ásperas e hiperceratóticas com superfícies escamosas irregulares e se desenvolvem mais frequentemente nas mãos, dedos, pés e joelhos.

Essas verrugas são frequentemente descobertas quando o paciente percebe alterações na pele. Em geral são assintomáticos, mas podem ser dolorosos com a aplicação de pressão. Normalmente, eles são benignos e autolimitados

As verrugas palmoplantares aparecem nas superfícies acrais dos pés e das mãos. Destacam-se pela espessura, o que dificulta o tratamento. As verrugas plantares profundas ocorrem mais comumente como lesões solitárias que podem tornar-se pretas e dolorosas antes de regredirem espontaneamente.

Eles podem conter pequenas “sementes” pretas, que são capilares trombosados

As verrugas planas ocorrem mais frequentemente em grupos de pequenas placas com menos de 5 mm de diâmetro na face e nas mãos podendo levar a distúrbios significativos de pigmentação. Regride geralmente de forma espontânea após vários anos, alguma semanas antes de desaparecer ocorre coceira ou vermelhidão

Temos também a papulose Bowenóide ou doença de Bowen. Manifesta-se como pápulas múltiplas, verrucosas e marrom-avermelhadas na região anogenital. que podem se juntar formando uma lesão só, o chamado condiloma plano é um dos tipos de lesões pré cancerígeno.

Quando as lesões pre-cancerigenas ou cancerigenas apresentam sintomas clínicos visíveis geralmente são massas, como nódulos, visíveis ou palpáveis, ulceras ou sangramentos.

HPV e o câncer

O HPV causa praticamente todos os casos de câncer de colo de útero, além de 90% dos casos de cancer anal, 40% dos casos de cacer de vulva, 40% dos casos de cancer vaginal, 40% dos casos de cancer de pênis, 12% dos casos de cancer de orofaringe e 3 % dos casos de cancer oral. Além disso, 10% de todos os casos de câncer em mulheres e 5 % de todos os cânceres em homens estão associadas a este vírus.

Não é porque uma pessoa é portadora crônica de um subtipo de HPV cancerígeno que ela obrigatoriamente desenvolverá câncer. existe uma série de outros fatores que pesam para este desfecho como imunidade baixa e tabagismo, ou seja, fumar também aumenta as chances de desenvolvimento de um câncer relacionado ao HPV em alguém já portador do vírus.

A lesão do HPV que pode evoluir para cancer é o condiloma

TRATAMENTO

Não existe antiviral para tratamento do HPV, o tratamento é da lesão e não do vírus em si.

PREVENÇÃO

Quadrivalente – HPV4 (6, 11, 16 e 18)

Fabricada pela MSD.

Está licenciada desde 2006, mesmo ano em que passou a ser oferecida pelos serviços privados de vacinação.
Faz parte do calendário da rede pública desde 2014.

Desde 2022, a vacina faz parte Programa Nacional de Imunização – PNI para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de ambos os sexos e imunocomprometidos de 9 a 26 anos ou de 9 a 45 anos de idade, dependendo do tipo de imunossupressão.

3 DOSES: 0 – 1 e 6 meses

Para Indivíduos entre 09 e 13 anos: 2 DOSES: a 2ª dose deve ser feita entre 6 e 12 meses após a 1º

Nonavalente – HPV9 Recombinante (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).

Fabricada pela MSD. É a única vacina contra o HPV usada nos Estados Unidos Desde de 2016 e aqui no Brasil, foi licenciada em 2017 e disponibilizada na rede privada em março de 2023

A vacina HPV-9 recombinante NÃO contém conservantes ou antibióticos

Número de doses

• 2 (0, 6-12 meses) se recebida de 9 aos 14 anos de idade
• 3 (0, 1-2, 6 meses) se recebida a partir dos 15 anos de idade ou em imunossuprimidos

Contra indicação:

• Alergia a algum componente da vacina
• Alergia após a primeira dose da vacina do HPV

Efeitos adversos: Dor no local da injeção, Inchaço no local da injeção, Cefaleia (Dor de cabeça), Eritema no local da Injeção (vermelhidão)

Pessoas já vacinadas previamente pela vacina quadrivalente, também podem se vacinar com a nonavalente.

Fontes:
https://saude.abril.com.br/medicina/hpv
https://emedicine.medscape.com/article/219110-overview#a5
https://www.uptodate.com/contents/human-papillomavirus-infections-epidemiology-and-disease-associations?search=hpv&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
http://antigo.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/infeccoes-sexualmente-transmissiveis/condiloma-acuminado-papilomavirus-humano-hpv
https://emedicine.medscape.com/article/219110-clinical

Artigo Publicado em: 5 de fevereiro de 2017 e Atualizado em: 12 de setembro de 2023