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A transmissão do HIV ainda é um tema delicado para muitas pessoas. A falta de informação, muitas vezes, gera dúvidas e receios, principalmente quando se trata de entender como diferentes tipos de exposição podem influenciar no risco de infecção.
Embora, com o passar dos anos, muitos avanços tenham sido feitos em torno dessa condição, tanto na prevenção quanto no tratamento, compreender os fatores que afetam o risco de contágio é essencial para garantir uma abordagem mais segura e consciente. Neste artigo, saiba mais sobre os riscos de transmissão do HIV e seus tipos de exposição.
O vírus da imunodeficiência humana, conhecido popularmente como HIV, é uma condição que ataca o sistema imunológico, principalmente as células CD4, responsáveis por coordenar a resposta do corpo contra infecções. Com o tempo, a infecção pelo HIV pode enfraquecer o sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a outras doenças.
Apesar de ser uma condição ainda sem cura, seu tratamento pode garantir qualidade de vida para a pessoa infectada, evitando que a infecção evolua para a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), fase em que o corpo fica extremamente vulnerável.
HIV = Quem faz diagnóstico cedo e segue o tratamento, NÃO evolui para a AIDS.
Existem várias maneiras de se expor ao vírus HIV. Para cada tipo de exposição existe um risco diferente de se infectar pelo vírus. Independentemente da exposição de risco, as chances de se pegar HIV nunca são de 100%.
As chances de se pegar HIV não aumentam conforme aumenta o número de exposições, mas é claro que quanto mais exposições existirem, maiores os riscos de infecção. Não porque o risco é cumulativo, mas porque há mais exposição.
Por exemplo, uma pessoa pode “ganhar na loteria” jogando uma única vez, mas é claro que quanto mais vezes a pessoa jogar na loteria, maiores as chances de ganhar.
Veja, na tabela abaixo, o risco de transmissão para cada tipo de exposição:
O risco de transmissão do HIV varia consideravelmente de acordo com o tipo de exposição. Pensando nisso, separamos as formas mais comuns e seus níveis de risco associados, confira a baixo:
O contato sexual sem proteção, ou seja, quando não se usa preservativo, é uma das principais vias de transmissão do HIV. As relações anais, vaginais e orais oferecem diferentes níveis de risco:
Como Prevenir: O uso consistente de preservativos reduz significativamente o risco de transmissão do HIV durante o sexo. Outra estratégia preventiva é a PrEP (profilaxia pré-exposição), um medicamento indicado para pessoas com risco elevado de infecção.
O compartilhamento de agulhas e seringas, principalmente entre usuários de drogas injetáveis ou pessoas que fazem piercing ou tatuagem em locais que não seguem as regras de biossegurança, é a forma de exposição com maior risco de transmissão do vírus da imunodeficiência humana fora do contexto sexual.
Isso porque o sangue contaminado de uma pessoa infectada pode permanecer, mesmo em pequenas quantidades, na agulha e ser transferido para a corrente sanguínea de outra pessoa.
Como Prevenir: O ideal é que cada pessoa utilize seus próprios materiais de injeção e realizar procedimentos que exigem perfuração de pele em locais de confiança
No passado, a transfusão de sangue e o transplante de órgãos representavam um grande risco de transmissão do HIV. No entanto, com os avanços nos testes e na triagem rigorosa de sangue e tecidos, esse risco passou a ser consideravelmente mais baixo em países que seguem fortemente os protocolos de saúde.
Como Prevenir: Em países com sistemas de saúde bem regulamentados, o risco de transmissão por transfusão de sangue é praticamente inexistente.
Em 2024 houve uma situação de transmissão de HIV por transplante de órgãos no Brasil, mas foi um escândalo relacionado no final das contas a não realização dos exames de rastreio no sangue do doador. os exames de rastreio utilizado nos protocolos de doação são muito sensíveis e é extremamente raro ocorrer por exemplo uma situação de janela imunológica no qual o exame é realizado antes do tempo em que acusa a infecção, saindo assim um resultado falso negativo. ainda mais em se tratando de transfusão de sangue ou doação de órgãos nos quais os protocolos são tão rígidos que quando existe qualquer dúvida os materiais não são utilizados. A prova disso é que em décadas de serviços com milhares de transplantes realizados no Brasil, nunca houve caso parecido.
Uma mulher soropositiva, ou seja, que possui a presença do HIV no organismo, pode transmitir o vírus para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação. No entanto, com o uso adequado de medicamentos antirretrovirais, esse risco pode ser reduzido para menos de 1%.
Como Prevenir: Gestantes infectadas pelo HIV devem receber acompanhamento médico e tratamento adequado. Quanto antes for iniciado o tratamento e carga viral alcançar limites indetectáveis, menor as chances de transmissão ao feto. Além disso, existe uma série de protocolos a serem realizados no hospital. Em muitos casos, o parto pode ser feito de forma a reduzir o risco de contágio Além disso, a amamentação no Brasil ainda está contra indicada, mesmo em casos de mães com carga viral indetectável já na concepção. Em países onde o risco de desnutrição infantil é muito grande o risco benefício de amamentação de uma mãe com carga viral indetectável deve ser avaliado.
Profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros, técnicos ou profissionais de laboratório, podem se expor ao HIV acidentalmente, especialmente por meio de acidentes com agulhas contaminadas. Esse tipo de exposição é considerado de baixo risco, mas ainda exige cuidados especiais e protocolos de prevenção.
Como Prevenir: O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas e óculos de proteção, é fundamental para profissionais da saúde. Em caso de acidente com agulhas, existe a PEP (profilaxia pós-exposição), um tratamento de emergência que deve ser iniciado para reduzir o risco de infecção.
Além do tipo de exposição, outros fatores também afetam o risco de transmissão do HIV, como, por exemplo:
Contato de uma área lesionada com qualquer superfície com material contaminado, seja fluido vaginal, esperma, líquido pré-ejaculatório ou sangue.
Relações sexuais desprotegidas com penetrações mais brutas aumentam o risco de transmissão do HIV, pois causam pequenas fissuras ou lesões dentro da cavidade, acarretando pequenos sangramentos, principalmente nas relações anais, uma vez que a mucosa anal não tem a mesma lubrificação da vagina, estando mais suscetível a esse tipo de trauma.
O vírus HIV não sobrevive muito tempo fora do corpo humano. Contudo, alguns fatores podem aumentar este tempo de sobrevivência. Independentemente desses fatores, acidentes perfurocortantes ou compartilhamento de agulhas grossas com sangue visível na ponta possuem maior risco de transmissão.
As ISTs, como sífilis, herpes e gonorreia, aumentam o risco de transmissão do HIV, pois muitas dessas infecções causam lesões que facilitam a entrada do vírus.
Além disso, qualquer situação que cause inflamação da área de mucosa aumenta a irrigação do sangue nessa região levando consequentemente a um maior risco de se infectar caso entre em contato direto com material potencialmente contaminado
É importante lembrar que a forma individual mais eficaz de se proteger contra a transmissão sexual do vírus HIV é por meio do uso correto do preservativo. O preservativo inclusive protege contra outras infecções de transmissão sexual e não apenas contra o HIV,
Mas a melhor estratégia é a chamada prevenção combinada, que combina diferentes estratégias e que podem ser usadas também conforme cada situação.
Após a exposição, existe um tempo mínimo e máximo para descobrir se você foi infectado pelo HIV. Em caso de dúvidas, não deixe de buscar ajuda de um médico infectologista de sua confiança.
Artigo publicado em 14 de julho de 2019. Última atualização feita em 07 de janeiro de 2025
Fonte:
Artigo atualizado em 07/01/2025 16:57
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Ver comentários
Boa noite Dra. É possível contrair HIV após uma relação sexual onde encosto as mãos na camisinha e depois no pênis?
Olá Dra. Keilla !
Saí com uma garota de programa por 3 vezes em meses distintos, Nestas ocasiões foram realizados testes rápidos em postos de saúde pública, por ambos, para HIV e ISTs. Todos os 3 testes deram negativo. Na última vez, cerca de 9 dias depois do último teste, fiz sexo anal insertivo por duas vezes no mesmo dia e sem preservativo. O risco neste caso é muito menor que a tabela publicada? Muito obrigado
O risco é menor que o da tabela, pois a mesma considerada a relação com uma pessoa HIV positiva e no seu caso, a garota teria que estar dentro da janela imunológica, o que estatisticamente já diminui as chances.
dra.keilla tudo bem?
desculpa e ignorancia ,porém estou com duvida a respeito da situação: UMA PESSOA COM HIV SENTA NO VASO SANITARIO E LOGO DEPOIS EU SENTO, TENDO CONTATO NA PARTE DO VASO,ELE RECEM TINHA EJACULADO. CORRO RISCO?
Não é situação de risco.
Olá Dra dedos sujos,molhados com líquido pre ejaculatario e se forem introduzidos na vagina ,tocar no clitoris,qual a chance de contaminação pelo vírus HIV?
Exposição de risco para HIV é aquela onde um vírus viável (ou seja, vivo, capaz de infectar) entra em contato com o organismo da pessoa que não portadora do vírus. Para que isso ocorra, é necessário que um material contaminado com o organismo viável (sangue, fluido sexual, etc), em quantidade suficiente para infectar entre em contato direto com pele não íntegra (por exemplo, com uma ferida aberta), contato direto com mucosa (olhos, boca, mucosa genital) ou que seja introduzido pele pele íntegra com por por uma agulha que perfura a pele e leve este material direto para dentro do organismo de uma pessoa que não possui o HIV.
Na dúvida se houve exposição ou não, ou mediante a certeza de uma exposição ao risco de se infectar, você deve procurar um médico infectologista de sua confiança para te avaliar pessoalmente e solicitar todos os exames cabíveis, não apenas os de HIV mas o de todas as demais infecções sexualmente transmissíveis e que podem ser transmitidas da mesma forma que o HIV, independente de ter sintomas ou não.
Dra dedos umedecidos com líquido pré ejaculatório e introduzidos na vagina, no clítoris. O risco é alto ?
Não é alto.
Dra boa noite, liquido pre ejaculatorio na mao, fazia uma semana que havia feito uma tatuagem nos dedos, há risco caso o liquido entrou em contato com meus dedos? Uma semana a ferida ainda esta aberta?
não é considerada exposição de risco a não ser que haja lesão ativa na área na qual o material contaminado teve contato.
Boa noite dra. Fiz sexo oral em um rapaz, o tempo de exposição foi bem rápido, e não houve ejaculação. Sei que o risco é baixo, o fato é que horas mais cedo havia puxado uma pelinha dos meus lábios, não sei se saiu sangue. O risco aumenta nesse caso?
não aumenta.
Dra tatuagem risco pra hepatite b? O tatuador mexeu no telefone com a mesma luva que usava em mim, fazia 15 dias que tinha tomado a 2 dose da vacina.
A resposta para a sua pergunta está nesse link: https://www.drakeillafreitas.com.br/hepatite-b-o-que-voce-precisa-saber/
Dra Bom dia, fiz uma tatuagem, os instrumentos e tinta eram descartáveis, porem no intervalo da tatuagem o tatuador pegou no celular com a luva que usava, ele voltou a fazer a tatuagem e não trocou a luva. Ha algum risco nesse caso? Pra hiv e hepatite b? Se ele atendeu alguem antes de mim e fez a mesma coisa o virus pode ter ficado no telefone e passar pra mim. Agradeço sua atenção
isso não é risco.
Dra.
Transei com preservativo. No final o preservativo estava intacto. Mas não sei se podia ter alguma abertura impercetível ao olho humano. Entretanto fiz análises em laboratório ao fim de 18 dias e deu negativo para todas as DST (HIV, sifilis e hepatites). Li que HIV é a doença de mais dificil transmissao. A minha pergunta é: tendo em conta que deu negativo em todas as outras doenças é legitimo eu concluir que isso reduz a probabilidade de eu ter sido também contagiado pelo HIV?
o risco de infecção pelo HIV é baixo não por causa dos resultados dos outros exames, mas porque a exposição em si foi de baixo risco.