Conteúdo
A profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV é uma intervenção emergencial destinada a prevenir a infecção pelo vírus após uma possível exposição. Este esquema teve algumas modificações importantes no ano de 2017 e continua evoluindo a cada ano, inclusive na mudança dos antirretrovirais usados dentro do esquema.
Continue a leitura deste artigo e conheça mais sobre a profilaxia pós exposição ao HIV e o que mudou até o momento.
Conhecida por muitos como PEP a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV é um esquema de antirretrovirais usado em pessoas que se expuseram ao risco de contrair o HIV, ou seja, é recomendada em todos os casos de exposição com risco significativo de transmissão do HIV. Existem casos, contudo, em que ela não está indicada.
Como toda medicação, o esquema PEP tem o seu risco de toxicidade. Os benefícios do esquema devem superar os riscos para estar bem indicada, por isso, a avaliação de um médico infectologista é fundamental para avaliar se existe indicação e benefício para a PEP.
Conhecido como sendo uma das principais doenças transmitidas por via sexual, o HIV, ou Vírus da Imunodeficiência Humana, é um retrovírus que ataca o sistema imunológico, enfraquecendo as defesas do corpo contra infecções e algumas doenças.
O HIV especificamente infecta e destroi os linfócitos T CD4 +, um tipo de célula imunológica crucial para a defesa do organismo. Apesar de ser frequentemente associado à transmissão sexual, muitas pessoas não sabem quais são de fato as formas de se contaminar com a doença e consequentemente quando requer a PEP.
Por ter mais de uma forma de contágio, muitas pessoas acreditam que o contato mais próximo de uma pessoa infectada com o vírus do HIV já pode ser considerado um risco. Antes de pensar na prescrição da profilaxia pós-exposição ao HIV é preciso entender mais sobre:
Materiais que podem transmitir o vírus do HIV:
Materiais que NÃO podem transmitir o vírus HIV:
Exposição é quando um material potencialmente contaminado tem contato direto com uma pessoa, através de uma das formas abaixo:
Contato de material potencialmente contaminado com pele íntegra;
Mordedura sem sangue.
A PEP envolve o uso de medicamentos antirretrovirais (ARVs) que devem ser iniciados o mais rápido possível, idealmente dentro de 72 horas após a exposição, e continuados por um período de 28 dias. Recentemente, houve várias atualizações importantes em relação à PEP que visam aumentar sua eficácia e acessibilidade.
Uma das mudanças significativas na PEP é a atualização dos protocolos de tratamento. As diretrizes recentes recomendam o uso de regimes de ARVs mais modernos e eficazes. Um dos regimes preferidos agora inclui uma combinação de tenofovir, lamivudina e um inibidor de integrase, via de regra, o dolutegravir. Esses medicamentos têm mostrado alta eficácia na prevenção da infecção pelo HIV, além de serem bem tolerados pelos pacientes.
O esquema deve ser montado junto a seu médico infectologista de confiança após a avaliação inicial do seu quadro.
Antes de iniciar a medicação, a pessoa exposta deve ser submetida a um teste rápido para o HIV (testes rápidos têm seu resultado em até 30 minutos). Caso dê positivo (reagente), significa que a infecção pelo HIV ocorreu antes dessa exposição e a profilaxia não está indicada.
Nesse caso, a pessoa não deve iniciar a PEP e deve procurar um médico infectologista, a fim de receber os pedidos para os exames iniciais e iniciar o tratamento específico para o Vírus mesmo que a pessoa não esteja com nenhum sintoma de doença.
Caso seja possível realizar um teste rápido na pessoa fonte (pessoa dona do material biológico) e o mesmo der negativo, a PEP não está indicada para a pessoa exposta.
Mas se a pessoa fonte tiver se exposto ao risco de contrair HIV nos últimos 30 dias, a pessoa que acabou de se expor tem a indicação da PEP, pois o teste da pessoa fonte pode ter dado negativo por causa da janela imunológica (a pessoa se infectou há tão pouco tempo, que ainda não apareceu no exame).
Se o teste rápido da pessoa fonte for positivo ou não for possível de ser realizado, a PEP está indicada para a pessoa exposta.
Se não houver certeza sobre exposição de risco da pessoa fonte nos últimos 30 dias, mesmo que o teste rápido para HIV dela for negativo, a PEP está indicada para a pessoa exposta
O esquema de profilaxia de primeira escolha corresponde a ingesta de 2 comprimidos diferentes uma vez ao dia, por 28 dias.
Eles devem ser tomados preferencialmente no mesmo horário e não se deve pular nenhum dia. Tomá-los da forma errada pode diminuir a eficácia do esquema, e a pessoa pode acabar infectada pelo vírus HIV.
Existem outros esquemas disponíveis caso a pessoa não se dê bem com eles ou tenha alguma contraindicação a algum desses medicamentos.
Opções de medicamentos alternativos que podem fazer parte do esquema para a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Em caso da pessoa fonte ser sabidamente portadora do HIV, deve-se analisar o esquema antirretroviral que usa.
Situações que podem sugerir que o vírus da pessoa fonte é de um tipo resistente:
Em caso de suspeita de resistência viral, a pessoa exposta deve receber o mesmo esquema que a pessoa fonte faz uso, ou outro esquema de acordo com o teste de genotipagem da pessoa fonte.
Caso o melhor esquema para aquela situação não esteja disponível, o início da profilaxia não deve ser atrasado. Neste caso, inicia-se o esquema disponível e a pessoa deve fazer nova avaliação o mais rápido possível para a troca do mesmo.
O Dolutegravir pode ser usado com segurança em gestantes e faz parte do esquema de profilaxia também para elas. Outra opção é:
As indicações para a PEP em gestantes são as mesmas que na população geral.
Mães amamentando e que estão usando PEP, devem suspender a amamentação até serem liberadas pelo médico. Essa medida é para evitar a transmissão do HIV ao bebê pelo leite materno, caso a mãe tenha sido infectada. O teste para HIV negativo após 90 dias da exposição deixa a mãe liberada para retornar com a amamentação.
Estudos já comprovaram quando a pessoa que vive com o vírus HIV mantém carga viral do detectável há mais de 6 meses e mantém sue tratamento continuo, não é possível transmitir o vírus para outra pessoa por relação sexual mesmo sem preservativo. E neste caso a PEP não está indicada para a pessoa soronegativa.
Para indicar a PEP para alguém que teve relação sexual com uma pessoa que vive com HIV, deve-se considerar os seguintes fatores:
É importante levar em consideração o sentimento da pessoa exposta e o risco de transmissão que está disposta a correr, na dúvida, o PEP estará indicado.
Para casais sorodiferentes com relacionamento fixo, o uso da PrEP-HIV (Profilaxia Pré-Exposição) deve ser avaliado e sempre muito bem orientado.
Mais de 50% dos usuários apresentam alguma reação adversa. No entanto, essas reações geralmente são leves e a medicação é muito bem tolerada.
Além disso, a medicação pode apresentar efeitos tóxicos que não necessariamente causam algum sintoma. Por isso a importância de se fazer o acompanhamento com o infectologista durante o uso do PEP.
A pessoa que está fazendo a PEP deve ser acompanhada por um médico infectologista desde o início, pois pode sofrer alguns efeitos colaterais que devem ser avaliados e orientados pelo médico, além de monitoramento de efeitos tóxicos e rastreio quanto a outras infecções sexualmente transmissíveis independente da presença de sintomas. O acompanhamento com o infectologista deve ser feito da seguinte forma:
A avaliação após 2 semanas é importante para verificar possíveis efeitos colaterais e como está a tolerância da pessoa à medicação.
É importante não colocar o parceiro sexual em risco e também se proteger de novas exposições. A pessoa em uso de PEP deve ter relações sexuais protegidas com preservativo até descartar a infecção.
Caso um dos testes dê um resultado indeterminado, isso pode significar infecção recente pelo vírus HIV e um novo teste deve ser realizado 30 dias depois. Caso se trate de uma infecção recente pelo HIV, em 30 dias o teste já terá um resultado positivo para o Vírus.
Sempre que ocorre uma exposição a materiais biológicos, o HIV não é a única doença que pode ser transmitida e outros exames específicos como hepatites B e C, Sífilis e HTLV entre outros, devem ser sempre solicitados.
Não pode haver nova exposição ao risco durante o uso da PEP até o encerramento do caso.
Para mais informações sobre a PEP ou o vírus da imunodeficiência humana não deixe de buscar ajuda de um médico infectologista de sua confiança para saber quais passos deve seguir.
Leia mais sobre: Diagnóstico do HIV, Tratamento do HIV e Infecções Sexualmente Transmissíveis.
Fontes:
Artigo Publicado em: 15 de jul de 2019 e Atualizado em: 24 de set de 2024
Artigo atualizado em 24/09/2024 20:29
Tabagismo e HIV. Com o passar dos anos, o avanço da Medicina fez com que… Ler mais
Reações Adversas à Vacina da Gripe: No Brasil, existe apenas a Vacina da Gripe de… Ler mais
A adesão ao tratamento do HIV é um dos pilares mais importantes no combate à… Ler mais
Sífilis Coça? A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Muitas… Ler mais
Vacina Contra o Herpes Genital: Vacina Contra o Herpes Genital: Estudos Promissores - Estudos em… Ler mais
Infecções que Podem Causar Câncer. Frequentemente associado aos fatores genéticos e ambientais, os casos de… Ler mais
Ver comentários
Doutora, estou no 25⁰ dia da prep, tomando regularmente e no mesmo horário. Porém, para evitar que colegas de trabalho me vissem tomando, levava os comprimidos algumas vezes envolvidos em papel toalha. Isso leva a perda da eficácia da medicação?
Doutora, eu tive que separar os comprimidos da pep, envolvidos em papel toalha, para levar para o trabalho, para evitar exposição com os fracos.
Não levá-los sempre no frasco original causa perda da eficiência?
Bom dia. Tive um acidente no trabalho após puncionar um paciente furei o dedo com a agulha do jelco. Foi feito testes rápido e ambos deram negativos. Mesmo assim comecei tratamento com pep. Quantos dias devo repetir o teste e qual seria o teste ideal ?
No caso, estou tomando a PEP há 14 dias, hoje comecei a sentir disestesia em dermatomo compatível com t10 e talvez uns dois dermatomos para cima. Estou em uso de tenofovir+lamivudina e dolutegravir. É viável mudar esquema de tratamento ou seguir o esquema até 28 dias? Em tão pouco tempo assim o risco de neurotoxicidade irreversível é muito alto?
Boa tarde. Acredito ser importante manter o tratamento recomendado. Importante destacar que alguns efeitos colaterais são normais. Abraço.
boa noite...tive uma relacao com uma travesti que fiz oral nela, como uso aparlho nos dentes percebi que a camisinha furou durante o ato. Nesse mesmo ato fui passivo no sexo anal com ela logo em seguida ao oral. Procurei o posto de saude no dia seguinte e fiz os testes rápidos e todos deram nao reagente e nesse mesmo dia iniciei a PEP. Eu faco tratamento para insônia com hemifumarato de quetiapina 100mg. Gostaria de saber se esse medicamento afeta o tratamento ou não. Muito obrigado
Não interfere.
Doutora, estou no 4o dia e ainda não senti nenhum efeito colateral, só um pouco de tontura no 2o dia. Tenho medo de icterícia. Estou tomando pelo menos 2L de água. A icterícia pode acontecer?
a medicação mais associada à icterícia é o atazanavir. se não estiver usando esta medicação, o risco de icterícia é baixo.
Oi.Fiz sexo anal insertivo com garota de programa trans em 20/08,onde vi ao término que a camisinha rompeu na ponta. 15 horas depois iniciei a PEP: cumpri os 28 dias. 30 dias após exposição,fiz teste rápido no CTA,não reagente. No dia seguinte fiz Eletroquimioluminescência (anticorpos),não reagente. 37 dias após exposição,Quimioluminescência 4 geração,não reagente.
1-Posso ficar mais tranqüilo com estes resultados?
1-PEP pode ter interferido nos 3 resultados (falso negativo)?
Obrigado
A resposta para a sua pergunta está no próprio corpo do texto.
O uso da PEP não aumenta o tempo máximo de janela imunológica do teste.
Tenho mais duas na vdd. ?
2- eu estava realizando sexo oral sem camisinha com outro boy e acabei engolindo esperma. O Resutado deu negativo e comecei a PEP, o risco é muito grande? Ainda vou tomar por mais 12 dias, mas tá me tirando o sossego. ?
3- Dizem que a janela imunológica é de 30 dias, mas uma médica me disse que o resultado já sai com 5 a 20 dias após a exposição, mas colocam 30 dias só por precaução. Isso é verdade?
2 - a resposta para a sua pergunta está nesse link: http://www.drakeillafreitas.com.br/risco-de-transmissao-do-hiv-de-acordo-a-exposicao/
3 - a resposta para esta pergunta está nesse link: http://www.drakeillafreitas.com.br/como-fazer-o-diagnostico-do-hiv/
Olá Dr. boa tarde! Tenho uma pergunta que está me deixando super aflito
1- Estava recebendo sexo oral de um rapaz, ele fez em outro e logo em seguida voltou a fazer em mim. Andei lendo que a probabilidade de contrair hiv recebendo é 0%, mas por ele ter feito no outro rapaz e ter voltado a fazer em mim fiquei com medo de ele tá com fluido do outro e ter passado para mim.
isso não transmite HIV
Boa noite, Dra. Keilla
Tive um acidente com um instrumento perfurocortante contaminado com sangue, porém não sei ao certo se realmente perfurou meu dedo. Como protocolo da faculdade, tive que iniciar o pep.
Na próxima semana vou levar a paciente para fazer os exames, caso de negativo, posso interromper o pep ou essa atitude pode influenciar em algo no meu organismo? Desde já agradeço pela atenção
se a paciente tiver exame negativo para HIV e não tiver histórico de exposição de risco nos últimos 30 dias, pode suspender a PEP.