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Os Riscos do Sexo Oral

Quando falamos em riscos que envolvem a vida sexual de uma pessoa, a prática oral é, muitas vezes, deixada de fora do assunto por acreditarem que a mesma não oferece perigo. Cerca de 84% das pessoas sexualmente ativas entre 18 e 44 anos relatam já terem praticado alguma relação sexual oral em sua vida. No entanto, assim como outras formas de atividade sexual, o sexo oral não é isento de riscos.

Embora o sexo oral apresente menor risco de transmissão por relação para muitas infecções sexualmente transmissível se comparado ao sexo vaginal ou anal insertivos, ele ainda pode transmitir várias infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e causar outros problemas de saúde se não forem tomados cuidados adequados. Continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre os riscos do sexo oral.

O Sexo Oral

Sexo oral é uma prática sexual que envolve o uso da boca, dos lábios e da língua para estimular os órgãos genitais de outra pessoa. Essa prática pode ser realizada tanto em homens quanto em mulheres e é conhecida por diferentes nomes dependendo da parte do corpo estimulada:

  • Felação ativa = Ato de estimular o pênis de alguém com a boca;
  • Felação passiva = Ato de ter o seu pênis estimulado pela boca de alguém;
  • Cunilíngua ativa = Ato de estimular a vagina de alguém com a boca;
  • Cunilíngua passiva = Ato de ter a sua vagina estimulada pela boca de alguém;
  • Anilíngua ativa = Ato de estimular o ânus de alguém com a boca;
  • Anilíngua passiva = Ato de ter o seu ânus estimulado pela boca de alguém.

Como a saliva não transmite o vírus HIV, em principio, a pessoa praticante do Sexo Oral Passiva (ou seja, que tem o seu genital ou ânus estimulado pela boca de alguém) não está em Risco de se Infectar pelo vírus HIV. Já o risco de transmissão do HIV para a pessoa que pratica o sexo oral é extremamente baixo, mas ainda assim existe. Esse risco é maior durante a felação ativa (quando a boca estimula o pênis).

Conceitos Importantes Sobre o Sexo Oral:

  • É possível transmitir infecção sexual mesmo sem ter sintomas;
  • É possível ter mais de uma infecção sexual ao mesmo tempo;
  • Uma pessoa recebendo o estímulo da boca de outra pessoa em seus genitais ou seu ânus pode se infectar se a pessoa ativa estiver com a infecção na garganta;
  • É possível ter infecção sexual em mais de um órgão ao mesmo tempo (por exemplo, garganta e genital).

O que Aumenta os Riscos do Sexo Oral?

  • Presença de feridas na boca de quem pratica ou nos genitais que recebem o estímulo;
  • Receber ejaculação na boca (independente de engolir ou não);
  • Sangramento nas gengivas;
  • Inflamação nas gengivas;
  • Contato oral com sangue menstrual;
  • Presença de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), principalmente se estiverem causando lesões ou inflamações na região genital ou no ânus onde estará sendo realizado o ato sexual.

Quais são os Riscos do Sexo Oral?

Uma das principais preocupações associadas ao sexo oral é a transmissão de ISTs. Muitas ISTs podem ser transmitidas por meio do contato com fluidos corporais e algumas até mesmo pelo contato pele a pele. A seguir, confira as principais ISTs que podem ser transmitidas pelo sexo oral de acordo com a parte estimulada:

Felação Ativa e Cunilíngua Ativo

As infecções mais fáceis de serem transmitidas por essa via são: sífilis (mesmo sem lesões ativas no pênis), infecções causadoras de uretrites sintomáticas ou outras infecções sexuais com lesões penianas ativas.

Além disso, outras Infecções Bacterianas Causadoras de Uretrites e Doenças como Ureaplasma spp, Mycoplasma e Trichomonas podem ser desenvolvidas.

Felação Passiva e Cunilíngua Passivo

No caso de ter o pênis estimulado pela boca de alguém, as principais condições que podem ser contraídas são:

  • Herpes Simples, se houver lesão oral ativa visível;
  • Sífilis, com lesão ativa visível na boca;
  • Gonorreia, se a pessoa que estimula o órgão estiver com a bactéria em sua garganta;
  • Clamídia, se a pessoa que estimula o órgão estiver com a bactéria em sua garganta;
  • HPV, se a pessoa que estimula o órgão estiver com o vírus em sua garganta.

Anilíngua Ativo

A prática de estimular o ânus de alguém com a própria boca pode trazer riscos como:

  • Linfogranuloma venéreo ou outras condições causadas pela Clamídia;
  • Herpes Simples (principalmente, se houver lesão anal ativa visível);
  • Cancro mole;
  • Gonorreia;
  • Sífilis (especialmente, se houver lesão anal ativa visível);
  • Hepatite B;
  • Hepatite C (mais difícil);
  • HTLV (mais difícil);
  • HIV (mais difícil);
  • HPV (especialmente, se houver lesões ativas no ânus).

Infecções Específicas Dessa via Sexual:

  • Hepatite A;
  • Parasitoses intestinais (como a Giardíase, enterobius vermiculares);
  • Infecções intestinais bacterianas (como a E. coli).

Anilíngua Passivo

Já o ato de ter o seu ânus estimulado pela boca de alguém pode ser risco para:

  • Herpes Simples (se houver lesão oral ativa visível na boca);
  • Sífilis (com ou sem lesão ativa visível na boca).

Outros Riscos e Complicações do Sexo Oral

Além das ISTs, o sexo oral pode apresentar outros riscos e complicações para a saúde como, por exemplo:

  • Lesões na Boca e Garganta: O sexo oral pode causar lesões físicas, como cortes ou lacerações na boca, língua ou garganta, especialmente se houver uso excessivo de força ou se houver anéis, piercings ou outros objetos envolvidos. Essas lesões podem aumentar o risco de infecção;
  • Cáries Dentárias e Problemas de Gengiva: O contato com fluidos corporais durante o sexo oral pode alterar o equilíbrio bacteriano na boca, contribuindo para o desenvolvimento de cáries e doenças gengivais. Além disso, o uso de lubrificantes ou produtos açucarados durante o sexo oral pode aumentar o risco de cáries;
  • Cânceres Orais: Como mencionado anteriormente, o HPV é uma causa conhecida de câncer orofaríngeo. O sexo oral desprotegido com múltiplos parceiros aumenta o risco de exposição ao HPV e, consequentemente, ao câncer oral.

Como Diminuir os Riscos do Sexo Oral

Embora os riscos do sexo oral sejam reais, existem várias maneiras de reduzí-los, como, por exemplo:

Uso de Preservativos e Barreiras de Látex

O uso de preservativos durante o sexo oral em homens e barreiras de látex (conhecidas como “dental dams”) durante o sexo oral em mulheres pode reduzir significativamente o risco de transmissão de ISTs. Esses métodos criam uma barreira física que impede o contato direto com fluidos corporais.

Vacinação contra HPV

A vacinação contra o HPV é altamente eficaz na prevenção de infecções por cepas de HPV que estão associadas ao câncer. Homens e mulheres podem se beneficiar dessa vacina, que é recomendada antes do início da vida sexual, mas também pode ser administrada posteriormente.

Exames Regulares e Diálogo Aberto

Realizar exames de saúde sexual regularmente é crucial para a detecção precoce e o tratamento de ISTs. Além disso, manter um diálogo aberto e honesto com seu parceiro sobre a saúde sexual e os riscos associados pode ajudar a prevenir a transmissão de infecções.

Evitar o Sexo Oral se Houver Feridas ou Inflamações

Evitar o sexo oral se houver feridas, inflamações ou outros sinais de infecção na boca ou nos órgãos genitais pode reduzir o risco de transmissão de ISTs.

Higiene Bucal Adequada

Manter uma boa higiene bucal, incluindo escovação regular dos dentes e uso do fio dental, pode ajudar a reduzir o risco de infecções após o sexo oral.

Para saber mais sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis, como preveni-las e tratá-las, não deixe de buscar ajuda de seu médico infectologista de confiança.

Assista ao vídeo e saiba mais:

Mais informações sobre este assunto na Internet:

Artigo Publicado em: 19 de jul de 2019 e Atualizado em: 12 de nov de 2024

Artigo atualizado em 12/11/2024 21:43

Ver comentários

  • Bom dia, Dra.

    Essa informação sobre a não transmissão de HIV via oral INSERTIVO permanece? Recebi oral de uma GP, não foi indicado PEP e fiz teste de 4a geração em laboratório 35 dias depois - não reagente.

    Não há indicação de repetir o teste mas ainda permaneço bastante ansioso e qualquer sensação (boca seca e esbranquiçada, pressão baixa, algumas dores pontuais - nada duradouro) eu penso estar ligada aos sintomas.

    Se não houver risco, preciso repetir o teste?

  • Dra Bom dia, fiz sexo oral anal em uma pessoa desconhecida bem breve, com um dia apareceu herpes oral, e umas bolinhas no meu ombro que coçava muito, tomei aciclovir sumiram, apos 15 dias do ato minha garganta inflamou, sem febre, com pouco catarro, e dores pescoço, pode ser exposição risco hiv?

  • Boa Tarde Dra fizeram me sexo oral sem camisa por cerca de 30 segundos, ao tirar o penis da boca dela agarrei no meu penis com a minha mao e num dedo tinha 1 corte que fizera ha um dia ou 2 mas que ja nao sangrava sera que o contacto desse corte com a saliva dela sera suficiente para passar hiv ( nao me parecia que havia sangue na saliva dela, mas nao tenho a certeza)? e Dra esses 30 segundos serao suficientes para para poder apanhar sifilis gonorreia herpes ou outras doenças DST,? obrigado dra

    • para HIV não há risco, outras ISTs que podem ser transmitidas pelo sexo oral ativo, sim.

  • oi doutora, pode sanar minha duvida?
    então, eu peguei carona com um homem depois de uma balada o banco dele estava todo melado com semem eu so percebi depois, eu estava somente de calção de banho(se cueca) corro risco, pois estava de roupa bermuda mais fininha

  • Boa tarde, Dra. Sou indetectável há muitos anos, mas sempre os fantasmas rondam a gente, né? Há alguns dias, em uma relação com o meu parceiro, eu gozei, não diretamente em sua boca, mas logo depois ele colocou a boca no meu pênis. A pergunta é se, mesmo eu sendo indetectável, há alguma possibilidade de transmissão do HIV com esse tipo de contato sexual.

  • Tive relações,como ativo,com homem de um app.Usei camisinha,mas,depois lembrei: 2 calos que tinha na minha mão,que haviam se rompido no dia anterior;poros inflamados de pelos do peito,talvez um estivesse meio ferido.Não entrei em contato diretamente com seu esperma, nem fiz sexo oral nele,mas,ele ejaculou em meu peito,e em rápidos momentos pus minha mão sobre seu pênis durante as relações.Ele tbm me masturbou com a mesma mão que se masturbava.Não sei se ele tinha HIV.Quais meus reais riscos?

    • Exposição de risco para HIV é aquela onde um vírus viável (ou seja, vivo, capaz de infectar) entra em contato com o organismo da pessoa que não portadora do vírus. Para que isso ocorra, é necessário que um material contaminado com o organismo viável (sangue, fluido sexual, etc), em quantidade suficiente para infectar entre em contato direto com pele não íntegra (por exemplo, com uma ferida aberta), contato direto com mucosa (olhos, boca, mucosa genital) ou que seja introduzido pele pele íntegra com por por uma agulha que perfura a pele e leve este material direto para dentro do organismo de uma pessoa que não possui o HIV.

      Na dúvida se houve exposição ou não, ou mediante a certeza de uma exposição ao risco de se infectar, você deve procurar um médico infectologista de sua confiança para te avaliar pessoalmente e solicitar todos os exames cabíveis, não apenas os de HIV mas o de todas as demais infecções sexualmente transmissíveis e que podem ser transmitidas da mesma forma que o HIV, independente de ter sintomas ou não.

  • ola doutora,muito bom seu site, parabéns!!!
    bom, minha situação com um garoto hiv+ sem tratamento, foi ele me masturbou, porem ele tinha tocado no propio penis(melado com pre liquido) corro algum risco? com essa menina quantidade? e foi por 3mim duração.

    • Exposição de risco para HIV é aquela onde um vírus viável (ou seja, vivo, capaz de infectar) entra em contato com o organismo da pessoa que não portadora do vírus. Para que isso ocorra, é necessário que um material contaminado com o organismo viável (sangue, fluido sexual, etc), em quantidade suficiente para infectar entre em contato direto com pele não íntegra (por exemplo, com uma ferida aberta), contato direto com mucosa (olhos, boca, mucosa genital) ou que seja introduzido pele pele íntegra com por por uma agulha que perfura a pele e leve este material direto para dentro do organismo de uma pessoa que não possui o HIV.

      Na dúvida se houve exposição ou não, ou mediante a certeza de uma exposição ao risco de se infectar, você deve procurar um médico infectologista de sua confiança para te avaliar pessoalmente e solicitar todos os exames cabíveis, não apenas os de HIV mas o de todas as demais infecções sexualmente transmissíveis e que podem ser transmitidas da mesma forma que o HIV, independente de ter sintomas ou não.

  • Olá, Dra.

    Realizei sexo oral (pênis na minha boca), sem ejaculação, apenas com fluido seminal, muito rápido, coisa de 1 ou 2 minutos. Alguns dias depois, mas precisamente no 4° dia de exposição eu tive diarréia que durou 5 dias, cansaço, dores no corpo, apareceu umas bolinhas vermelhas pelo corpo, no entanto não tive febre, poderia ser esses sinais de infecção por hiv aguda?

    • Com este tempo da exposição de risco, é pouco provável que seja HIV.

  • Bom dia Dra.
    Sou casado, mas Tive uma relação com uma prostituta e antes de colocar a camisinha ela cuspiu no meu pênis para escorregar melhor a camisinha, essa atitude pode me transmitir hiv e outras doenças dst?
    A camisinha não se rompeu, minha preocupação é porque ela cuspiu ?

  • Boa tarde Dra
    Apenas toquei encima da vagina de uma garota de programa, seguida com a mesma mão acariciei os seios de outra de programa, em seguida passei a língua por alguns segundos nos mamilos dela, posso ter contraído HIV?

    • Exposição de risco para HIV é aquela onde um vírus viável (ou seja, vivo, capaz de infectar) entra em contato com o organismo da pessoa que não portadora do vírus. Para que isso ocorra, é necessário que um material contaminado com o organismo viável (sangue, fluido sexual, etc), em quantidade suficiente para infectar entre em contato direto com pele não íntegra (por exemplo, com uma ferida aberta), contato direto com mucosa (olhos, boca, mucosa genital) ou que seja introduzido pele pele íntegra com por por uma agulha que perfura a pele e leve este material direto para dentro do organismo de uma pessoa que não possui o HIV.

      Na dúvida se houve exposição ou não, ou mediante a certeza de uma exposição ao risco de se infectar, você deve procurar um médico infectologista de sua confiança para te avaliar pessoalmente e solicitar todos os exames cabíveis, não apenas os de HIV mas o de todas as demais infecções sexualmente transmissíveis e que podem ser transmitidas da mesma forma que o HIV, independente de ter sintomas ou não.

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Publicador por
Dra. Keilla Freitas

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