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Remédios do HIV e Drogas. Medicamentos para o tratamento do HIV exigem atenção redobrada quanto às possíveis interações com outras substâncias, incluindo drogas recreativas e outros remédios de uso comum. Essas interações podem comprometer a eficácia do tratamento, causar efeitos colaterais inesperados e, em alguns casos, gerar riscos graves à saúde.
Compreender como essas substâncias afetam o organismo é fundamental para garantir um tratamento seguro e eficaz, por isso, continue a leitura deste artigo e conheça mais sobre as interações entre remédios do HIV e drogas.
Nosso organismo processa medicamentos e outras substâncias por meio de órgãos como o fígado e os rins, que utilizam enzimas específicas para metabolizar cada composto presente nesses elementos.
Esse metabolismo pode ser alterado quando ao mesmo tempo estão presentes em nosso organismo diferentes substâncias sejam diferentes medicamentos, alimentos, bebidas ou substâncias químicas.
Essa interação podem se dar diferentes formas como:
Independente de qual for a interação, acaba gerando consequências como:
Quando falamos de drogas, nos referimos a todo tipo de drogas. As drogas lícitas chamadas também de medicamentos, remédios, hormônios etc, prescritas corretamente de forma responsável com fins médicos, ou abusadas para fins estéticos ou automedicação. Drogas lícitas recreacionais como bebidas alcoólicas e drogas recreacionais ilícitas que alteram o estado mental ou mesmo melhoram o desempenho sexual.
Estudos específicos sobre interação dos antirretrovirais são escassos, até mesmo porque os estudos feitos para confirmar eficácia, tolerância e segurança deles são desenhados em condições ideais, nas quais as pessoas que fazem uso não possuem várias outras condições que podem confundir os resultados.
Alguns anticonvulsivantes (como a carbamazepina e fenitoína) podem induzir enzimas metabolizadoras de fármacos, diminuindo as concentrações de ARVs.
Medicamentos comumente chamados para controle de humor comumente chamados de antidepressivos podem ser usados para bastante coisas, tratamento de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, Transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de déficit de atenção , adição (vícios), controle do apetite, dor crônica ou mesmo controle de apetite. Tão vasto quanto as suas indicações são os tipos de drogas usadas para cada um desses fins.
Algumas tipos como Inibidores seletivos da recaptação de serotonina chamados de ISRS (como sertralina, fluoxetina), antidepressivos tricíclicos (como a amitriptilina e nortriptilina) são metabolizados pelas mesmas enzimas do fígado, especialmente uma chamada Citocromo P 450 o que aumenta as chances de sobrecarga do fígado.
Medicamentos Inibidores da Monoaminoxidase chamados de IMAO ( como a Fenelzina e Selegilina) comumente indicadas para depressões não responsivas a outros medicamentos ou Transtorno do Pânico, se usadas junto a alguns tipos de antirretrovirais podem afetar neurotransmissores que regulam os níveis da pressão arterial, aumentando excessivamente os níveis da pressão arterial
Estatinas são medicamentos usados para controle de colesterol. O uso delas junto a alguns tipos de antirretrovirais podem aumentar toxicidade hepática ou miopatia (toxicidade dos músculos) esta miopatia pode ser grave levando a um quadro de rabdomiólise (situação de intensa lesão das fibras musculares levando a um quadro de dor muscular intensa e insuficiência renal)
A maioria das estatinas pode ser usada com segurança com ARVs modernos, mas ajustes de dose podem ser necessários. Algumas como a pravastatina, a rosuvastatina e a pitavastatina são em geral mais seguras para o uso junto aos antirretrovirais.
Medicamentos orais usados para diminuir a viscosidade do sangue – deixar o sangue mais ralo, para tratar ou prevenir trombose ( como a Varfarina e anticoagulantes orais diretos) podem interagir com alguns ARVs, necessitando monitorização cuidadosa.
Medicamentos usados para prevenção ou tratamento de doenças inflamatórias do estômago chamados de Inibidores da Bomba de Prótons – IBPs ( como omeprazol, pantoprazol esomeprazol, etc) trabalham diminuindo a produção de ácidos no estômago aumentando o seu PH, esta diminuição da acidez do estômago acaba por prejudicar a absorção de vários tipos de medicamentos e nutrientes absorvidos pelo estômago como atazanavir pode ter uma redução da sua eficácia.
Para alguns medicamentos, a simples ingestão em horários distintos evitando que ambos estejam no estômago ao mesmo tempo já é suficiente para contornar esta situação. Para outros é necessário a suspensão ou ajuste de esquema terapêutico.
Alguns antifúngicos azólicos (ex: cetoconazol) podem inibir enzimas metabolizadoras de fármacos, aumentando as concentrações de ARVs.
Alguns ARVs podem diminuir a eficácia dos contraceptivos hormonais.
Rifampicina tem um forte potencial de induzir enzimas metabolizadoras de fármacos, tendo grandes interações com os ARVs, rifabutina é geralmente a alternativa nesses casos.
Não é porque um medicamento tem interação que não deve ser utilizado
Cada medicamento de uso contínuo precisa ser avaliado individualmente caso a caso pelo médico que acompanha o paciente.
O que ocorre mais frequentemente são interações que acabam levando a um aumento do risco de toxicidade especialmente hepática, renal ou mesmo cardíaca, que a depender do benefício que trará e das condições específicas do paciente, vale o risco a ser tomado, desde que, monitorado de perto.
Em outras situações, ajustes quanto a dose do medicamento precisa ser feito ou mesmo a troca de um dos medicamentos.
Quando a situação exige a suspensão de algum medicamento, vale a discussão entre o médico infectologista e o outro especialista que está acompanhando a outra comorbidade para definirem juntos os riscos e benefícios e qual medicamento deverá ser substituído para benefício do paciente.
Em outros casos mais peculiares, a interação medicamentosa ou mesmo o efeito esperado de alguma medicação leva a condição que em situações específicas alguma medicação necessita ser suspensa de forma transitória. Isso é particularmente comum ocorrer em medicamentos hematológicos ou cardíacos que alteram a viscosidade do sangue e em vários situações devem ser suspensos pelo risco aumentado de sangramento em alguns procedimentos, por exemplo, e medicamentos que atuam no metabolismo do açúcar no sangue ou mesmo tempo de esvaziamento gástrico.
Por outro lado, nem todos os medicamentos de um tipo ( antidepressivos, antibióticos, etc) interagem com todos os antirretrovirais, daí também a importância de avaliação caso a caso, tanto do paciente quando dos medicamentos. Com uma boa conversa entre todos os envolvidos, paciente e médico.
Interação medicamentosa com os remédios do HIV podem ter diferentes efeitos. Algumas das consequências mais comuns incluem:
Algumas substâncias são capazes de acelerar o metabolismo dos medicamentos utilizados para tratar o HIV, fazendo com que o organismo os elimine mais rapidamente. Com isso, pode haver uma redução da concentração necessária para manter o vírus sob controle, aumentando os riscos de falha terapêutica e resistência viral.
Existem algumas substâncias capazes de inibir a eliminação dos medicamentos do organismo, levando, assim, a um acúmulo perigoso na corrente sanguínea. Isso pode intensificar alguns efeitos colaterais, causando até mesmo problemas hepáticos, cardíacos e neurológicos.
A interação entre os medicamentos para HIV e as substâncias recreativas pode ocorrer no sentido contrário, fazendo com que as drogas se tornem mais potentes e seus efeitos no organismo prolongados. Desta forma, pode-se levar a uma resposta exagerada, aumentando os riscos de overdose, alucinações, quadros de ansiedade extrema ou outros efeitos colaterais.
Alguns tipos de substâncias podem afetar o julgamento de uma pessoa, levando ao esquecimento ou abandono do tratamento para HIV, aumentando, assim, o risco de possíveis complicações a longo prazo. Além disso, o uso frequente pode afetar a saúde mental de uma pessoa, gerando quadros de ansiedade, depressão e dificuldades para manter uma rotina de cuidados.
As principais drogas recreativas utilizadas em conjunto com medicamentos para o HIV são o cigarro, a cocaína e maconha, sendo que cada um deles podem desencadear efeitos diversos, sendo eles:
É importante ficar claro que deixar de tomar os ARVs quando for usar alguma droga recreacional está fora de cogitação.
Quanto maior o atraso da tomada da medicação, mais os níveis do remédio diminuem no sangue, até ficarem abaixo do nível mínimo necessário para se conseguir uma supressão do vírus HIV. A partir desse momento, o vírus pode começar a se multiplicar novamente, aumentando o risco de criar resistência.
O tempo que uma medicação leva entre a última tomada e o momento em que deixa de fazer efeito, possibilitando a replicação do vírus HIV, varia de remédio para remédio.
Além disso, mesmo que os níveis do remédio no sangue estejam menores do que estariam se a pessoa tivesse tomado normalmente, ainda existe medicação no sangue e, por isso, a possibilidade de interação com a droga recreacional não é eliminada.
Muitas das interações entre uma droga recreacional e os ARVs são comuns a todos os ARVs daquela mesma classe.
O consumo de drogas recreativas por pessoas vivendo com HIV (PVHIV) vão mais além que interações medicamentosas.
Famílias dos antirretrovirais:
A classe de ARVs que mais possui interações medicamentosas são os Inibidores de Protease (IPs). As medicações que fazem parte dessa classe são:
Medicações que fazem parte dos Inibidores da Transcriptase Reversa Nucleosídeos (ou nucleotídeos):
Medicações que fazem parte dos Inibidores de Transcriptase Reversa Não Nucleosídeo (ITRNN):
Medicações que fazem parte dos Inibidores de Integrase (II):
Os medicamentos antirretrovirais que possuem baixa ou nula interação com as drogas Recreativas são:
As interações escritas em azul correspondem àquele remédio em específico e não a toda a classe.
A melhor forma de evitar interações perigosas é conhecendo os riscos. Antes de usar qualquer substância, seja recreativa ou medicinal, é importante entender como ela pode afetar o tratamento. Informar ao seu médico sobre o uso de outras substâncias ajuda a prevenir problemas.
Algumas combinações são particularmente arriscadas e devem ser evitadas. Reduzir ou eliminar o uso de substâncias que possam interferir no tratamento é a maneira mais segura de garantir que os medicamentos ajam como esperado.
O suporte de amigos, familiares ou grupos de apoio pode fazer a diferença para quem enfrenta desafios relacionados ao tratamento do HIV. Buscar ajuda para lidar com o uso de substâncias e manter um estilo de vida saudável contribui para a adesão ao tratamento e melhora da qualidade de vida.
Um acompanhamento médico regular permite identificar qualquer alteração nos efeitos do tratamento, ajustando doses ou mudando a abordagem caso necessário. Exames periódicos ajudam a verificar se os medicamentos estão funcionando corretamente e se há sinais de toxicidade. Para saber mais sobre a terapia com antirretrovirais, continue navegando por nosso blog e não deixe de marcar uma consulta com seu médico infectologista de confiança.
Fontes:
Artigo Publicado em: 25 de jul de 2019 e Atualizado em: 25 de março de 2025
Artigo atualizado em 25/03/2025 21:16
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Dra. Estou querendo fazer uso de oxandrolona para crescimento de massa muscular. Tomo 3×1 efavirenz, lamivudine e tenofovir para tratamento de hiv. Treinava há anos e as vezes fazia o uso de oxa, porém descobri a sorologia e não fiz o uso demais nada. Quais as interações? Como poderia voltar a fazer o uso eventualmente para manutenção da massa muscular.
Não está proscrito mas deve ser usado com acompanhamento feito por um profissional médico capacitado e estar com carga viral indetectável e CD4 alto há pelo menos 6 meses.
Dr faço uso do dolutegravir +tenofovir +lamivudina e estou querendo tomar o ansiodorom, tem alguma interação?
desconheço interação entre estas substancias.
Bom dia tira essa dúvida
Sou soro positivo, faço uso do 3 em 1, posso tomar o metilfenidato, a ritalina ?
pode sim.
Ola Dra.
boa noite, estou em tratamento com lamivudinha+ tenofovir (2em 1) + delotugravir a exatamente duas semanas minha duvida é posso fumar maconha ou atrapalharia em algo?
Outra coisa ja, tive problemas com parasitas intestinais eles podem gerar algum problema na obsorçao dos remedios no organismo causando resistencia do virus?
Não há interação.
Deve investigar se existem parasitas intestinais.
Doutora, boa noite. Comecei a fazer uso do PEP. Mas esqueci de mencionar no posto que faço uso da Duloxetina antidepressivo. Há alguma interação medicamentosa?
Não há interação.
Olá doutora , sou soro positivo faço uso do esquema dolutegravir, lamivudina e tenofovir , estava usando multivitamico que continha , cálcio e ferro na constituição , existe a possibilidade de interação dessas substâncias com o dolutegravir , caso seja ingerido junto com o mesmo ?
A ingesta do dolutegravir junto com suplementos de calcio e ferro (no caso do ferro, especialmente se forem ingeridos em jejum e menos se forem ingeridos juntos com alimentos) podem diminuir os níveis do dolutegravir no organismo
Para evitar isso o dolutegravir deve ser ingerido 2 horas antes ou 6 horas após a ingesta de do suplemento
olá Doutora, meu parceiro é soropositivo e senti um pouco inseguro numa ruptura da camisinha e comecei a tomar o PEP, e decidi tomar o PrEP. A infectologista disse q assim q terminasse o pep já poderia iniciar a prep. Gostaria de saber se suplementos alimentares como creatina, cafeínas, beta alaninas, glutamina e polivitaminicos interferem na ação do medicamentos e se eles provocam danos ao fígado e rins se forem usados em conjuntos com a medicação. Obg.
a creatina pode alterar um dos exames para ver a função do rim, mas nenhum dos mencionados corta o efeito da PrEP.
Doutora tomo o 3 em 1 ..tenofovir ..lamivudina e evafirez...quero saber se posso tomar fluconazol doze única??
não é contra indicação.
Boa noite Dra. ,
Muito boa sua iniciativa de tirar as duvidas dos soropositivos! Parabéns! Tomo dolutegravir, lamivudina e tenofovir recetemente. Faço tratamento contra colesterol usando zetsim (ezetimiba 10mg e sinvastatina 20mg) . Existe interação entre meu esquema e esse medicamento? Obrigado
Não há interação entre estes medicamentos.
Dra Bom Dia! Meu esquema é : dulutegravir e tenofovir desoproxila + lamivudina, gostaria de saber se posso fazer uso esporádico de Tadalafila?
Desde que iniciei o tratamento tenho dificuldades para manter ereção.
Não interfere.