HIV indetectável é intransmissível
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Pessoas vivendo com HIV, com Carga Viral persistentemente suprimida, são incapazes de transmitir o vírus por relação sexual, mesmo sem preservativo.
Essa conclusão tem como base todo o conhecimento científico acumulado desde os anos 2.000
Foram 3 grandes estudos, realizados em várias partes do mundo com milhares de casais sorodiferentes de várias orientações sexuais e que chegaram à mesma conclusão.
Foram acompanhados 1.763 casais sorodiferentes em 13 instituições de 9 países diferentes (Botswana, Brasil, Índia, Kênia, Malawi, África do Sul, Tailândia, Estados Unidos e Zimbábue) entre os anos de 2005 a 2015.
87% dos participantes HIV positivos foram acompanhados durante todo o estudo.
Havia casais hétero e homossexuais, mas 97% deles eram heterossexuais.
Os casais eram divididos em 2 grupos de forma aleatória: em um as pessoas HIV-positivas iniciavam o Tratamento Antirretroviral – ARV precocemente e o outro não.
Os casais realizavam relações sexuais (vaginal e anal) sem preservativo.
Resultados preliminares de 2.011 mostraram uma redução de 96% de transmissão no grupo em uso de TARV.
Foram registrados 39 pessoas inicialmente HIV negativas, e que haviam se infectado pelo vírus.
Análises filogenéticas provaram que 28 dessas pessoas haviam sido infectadas pelos seus parceiros HIV positivos inscritos no estudo.
Desses 28, apenas 1 foi proveniente de um parceiro HIV positivo que estava em TARV.
Depois desse resultado o TARV foi oferecido para todos os participantes HIV positivos e manteve-se o seguimento até 2015.
Ao final do estudo, 78 participantes que o iniciaram com sorologias HIV negativas haviam sido infectadas.
Análises filogenéticas do vírus mostraram que 46 delas foram transmitidas pelo(a) parceiro(a) HIV positivo participante do estudo.
Desses 46, 8 ocorreram depois do inicio do TARV. Sendo que 4 ocorrem antes da supressão viral e as outras 4 durante período de falha.
O estudo concluiu que existe uma redução de 93% de transmissão do vírus HIV quando o TARV é iniciado precocemente.
O estudo HPTN 052 estabeleceu o inicio precoce do tratamento do HIV como uma das principais formas de prevenção de novas infecções.
Apesar dessas conclusões, o estudo não mostrou transmissão de infecção do vírus HIV a partir de uma pessoa com supressão viral persistente.
Não houve controle do número de intercurso sexual anal realizado e não se pôde extrapolar os resultados para casais homossexuais masculinos.
O estudo foi realizado entre setembro de 2010 e maior de 2014
Foram matriculados 1.166 casais soro diferentes em 75 clínicas de 14 países da Europa.
61.7% deles eram heterossexuais e 38.3% eram homens que faziam sexo com homens (HSH).
Todos os participantes HIV positivos em uso de TARV supressivo. Ou seja, Carga Viral menor que 200 cópias/ml
Foram 58.000 relações sexuais sem o uso de preservativo entre setembro de 2010 e Maio de 2014. 22.000 deles entre HSH.
17,5% dos participantes tiveram alguma IST em algum momento do estudo.
Houveram 11 novas infecções pelo HIV durante o estudo.
Mas a análise filogenética do vírus mostrou que nenhuma delas havia sido transmitida pelo(a) parceiro(a) com carga viral suprimida.
Novamente, não houve controle sobre o número de relações sexuais pela via anal
Foram acompanhados 358 casais sorodiferentes de 3 diferentes países (Austrália, Brasil e Tailândia) entre os anos de 2.012 e 2.015.
Dessa vez, todos os casais eram homossexuais homens
Estes casais praticaram no total, 17.000 atos de sexo anal sem camisinha durante o período de estudo.
6% dos atos sexuais anais relatados foram feitos enquanto um dos parceiros tinha alguma outra IST.
Houveram 3 novos casos de Infecção por HIV durante o estudo.
Mas a análise filogenética do vírus comprovou que nenhuma delas foi transmitida pelo parceiro com carga viral suprimida.
Extensão do estudo Partner 1 – realizado de maio de 2014 a abril de 2018.
Foram recrutados 635 casais masculinos gays.
As conclusões desse estudo se somaram as indicadas pelo Partner 1 em 2014.
Indicando uma taxa precisa de zero transmissão do HIV em relações sexuais sem proteção entre casais homossexuais masculinos sorodiferentes nos quais o homem HIV soropositivo possui carga viral indetectável.
Nos Estados Unidos, o número de novos casos de HIV entre homens gays vinha aumentado a cada ano.
Mas entre 2010 e 2014 houve diminuição do número de novos casos entre os homens gays ou bissexuais brancos.
Entre homens gays afrodescendentes, este número se manteve estável neste mesmo período.
Fato: não existe grupo de risco para HIV. O que existe é estilo de vida de risco.
Contudo, homens que fazem sexo com homens (HSH) representam 2% de toda a população dos Estados Unidos.
Mas ainda em 2015, 70% das pessoas vivendo om HIV eram HSH, incluindo os 3% de soro HIV-positivos que eram usuários de drogas injetáveis.
Esses dados não possuem relação com a orientação sexual e sim com o tipo e frequência das exposições ao risco.
Cada tipo de exposição sexual possui diferente risco de transmissão.
Consideramos supressão viral uma carga viral (PCR-HIV) abaixo de 200 copias/ml
Carga Viral indetectável é a carga viral (PCR-HIV) abaixo dos limites detectáveis pelo exame.
No Brasil, consideramos indetectável uma taxa menor que 40 cópias/ml, mas alguns exames mais sensíveis, conseguem identificar níveis ainda menores.
De acordo com os estudos, situações de aumento transitório de carga viral (como vacinação) ou a presença de Infecções Sexualmente transmissíveis, não influenciam na transmissão do HIV nesses pacientes
Esta campanha foi lançada em 2016 com o Slogan “U=U” (do inglês: Undetectable=Untransmissable que significa Indetectável = Intransmissível)
A ideia era ampliar o acesso ao diagnóstico como forma de prevenção.
Essa campanha ganhou força rapidamente sendo adotada por mais de 400 organizações em mais de 60 países em poucos meses.
No Brasil esta campanha teve início no final de 2017.
A secretaria de saúde do estado de São Paulo, afirmou em Nota Informativa de Dezembro de 2017 que “Indetectável é igual a Intransmissível” desde que respeitado os fatores já comentado neste artigo.
Saber que HIV indetectável é intransmissível é fundamental para a diminuição do estigma e preconceito tanto da própria pessoa que vive com HIV quanto da sociedade.
Contudo, vale lembrar que:
Apenas o sexo com o uso adequado do preservativo pode evitar a maioria dessas infecções.
HIV indetectável é intransmissível
Referências:
Zero transmissions mean zero risk – PARTNER 2 study results announced – 2018
Artigo atualizado em 09/01/2024 13:58
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Ver comentários
Doutora tenho carga viral indetectável mas tenho sifilis, qual probabilidade de eu transmitir o virus hiv, se é q existe.
carga viral indetectável há mais de 6 meses não transmite o hiv por via sexual, mas se ainda tem sífilis, esta sim pode ser transmitida
Dra. Obrigado pela prestação de serviço q tem feito no seu site. De certa forma, alivia quem é soropositivo ou está duvidoso. Após situação de risco, sem camisinha e eu fazendo oral nela, a partir de 15 dias senti falta de ar, suor noturno, náuseas, pontadas na virilha e uma leve diarreia. Estou mto preocupado. Irei fazer o teste rápido no CTA da minha cidade amanhã, 19/08/2019. Tem mto a ver com HIV?
Praticamente todos estes sintomas não possuem relação com HIV.
Bom dia doutora!fiz 3 teste rapidos e 5 de 4 geração com janela de 228 dias todos negativos posso encerrar o caso?
Pode encerrar .
Doutora, eu fiz o uso da PEP e não tomava no horário certo, mas tomava todo dia. Tem problema?
depende da diferença de tempo entre os horários.
Bom dia
Fui ao dentista e fiz ckaremanro e limpeza. A noite beijei um cara na boate. Corro o risco de ter contraito Hiv, Fiz teste com 39 dias de 4 geração e deu Não reagente.
isso não é exposição de risco.
Sou soro positivo indetectavel, faço relações com meu namorado sem preservativo. Devo me preocupar ?
no corpo texto está explicando sobre esta pergunta.
Dra, Carga Viral em 11/17 - 3260/ml - um mês após o início da TARV.
Em 06/2018, CV em 55/ml. A carga não estar indetectável configura resistência do vírus à Terapia ou apenas um blip corriqueiro? Esse valor é um bom sinal ou a carga deveria estar abaixo dos 40?
Muito obrigado.
esse valor indica vírus suprimido mas não indetectável. geralmente a carga viral fica indetectável em até 6 meses após o inicio do tratamento. de todo jeito esta carga detectável deve ser avaliada em novo exame com diferença de um mês entre eles.
Dra, se a pessoa tem carga viral indetectável, mas sifilis, aumenta o risco de transmissão pelo Hiv? É que arranhei uma espinha e veio líquido na minha mão e não lavei. Logo após fui brincar com o meu primos e nos encostamos as mãos e ele colocou o dedo no nariz e boca. Ele correu algum risco mesmo eu estando indetectável? Obg
Isso não é considerado exposição de risco.
Boa noite!!! Parabéns pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo. Pela manhã, cortei a parte de dentro do dedo com aparelho de barbear que posteriormente estancou. A noite, tive uma relação com as devidas precauções, porém ao retirar o preservativo com auxílio de um chumaço de papel, notei não haver sangue nele, mas acidentalmente esbarrou neste dedo. Questão de segundos. Para este caso apresentado houve risco? Obrigado!
isso não é considerado exposição de risco.
Doutora, tenho um relacionamento discordante e meu parceiro esta indetectavel a 4 anos. Posso engravidar normalmente?
sim, saiba mais detalhes nesse link: http://www.drakeillafreitas.com.br/vivendo-com-o-hiv-ter-filhos-sem-expo-los-ao-risco-da-doenca/