Vírus Herpes Simples Tipo 1 e 2

O herpes simples é uma infecção viral muito comum causada por dois tipos principais de vírus: o vírus herpes simples tipo 1 (HSV-1) e o vírus herpes simples tipo 2 (HSV-2). Ambos podem afetar diferentes áreas do corpo, desde a região oral até a íntima.

Aproximadamente 70% da população adulta do mundo teve ou terá contato com um ou mesmo ambos os vírus herpes simples do tipo 1 e 2, por isso, o conhecimento sobre eles é fundamental tanto para prevenção como para conviver com o vírus

Herpes Simples

O herpes simples é uma infecção recorrente que pode ser assintomática ou causar lesões na pele ou nas membranas mucosas. Essas lesões geralmente são dolorosas em graus diferentes mas pode vir acompanhada de outras sensações como prurido (coceira) sensação de peso, ardor, etc.

Uma pessoa pode estar infectada por ano sem nunca ter tido uma crise até o momento em que ocorre uma queda da imunidade que pode ser causada pelos mais diferentes fatores sendo o gatilho para uma crise.

O Grupo Herpes

Os vírus Herpes Simples pertencem ao grupo herpes, no qual também estão incluídos vírus como:

• Varicela-zóster (VZV) – Causador da varicela (catapora) – em seu momento agudo, quando acabamos de ter contato com o vírus, especialmente se não formos vacinados, e do Herpes-Zóster, que ocorre quando há uma reativação desse vírus;
• Vírus Epstein Barr – Causador da Mononucleose infecciosa – também conhecida como doença do beijo;
• Citomegalovírus ou CMV – Na população em geral, causa quadros, geralmente, inespecíficos, autolimitados e, geralmente, sem maiores problemas, ou em sua grande maioria assintomáticos, daí a pessoa só fica sabendo que foi infectada no passado quando faz o exame. Mas em pacientes imunodeprimidos pode causar infecções graves com as mais variadas apresentações;
• Vírus herpes humano 06 e 07 – Pode causar infecções na infância, geralmente associadas à febre e às erupção cutânea;
• Vírus herpes humano 8 (HHV-8) – Associado ao tipo de câncer chamado sarcoma de Kaposi, que pode causar lesões de câncer em pele e órgãos internos em pessoas com imunidade muito baixa como pessoas com AIDS;
• Herpes simples (HSV-1 e HSV-2) – Explicado anteriormente.

Diferentes Tipos de Transmissão

Existem diferentes formas de se contrair o herpes simples, a seguir confira em detalhes quais são cada uma delas:

*Contato Direto por Relação Sexual

Não é apenas uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Existem outras formas de transmissão do vírus, geralmente por contato direto com a lesão. A pessoa pode ser portadora do vírus sem nunca ter desenvolvido lesões.

Apesar da transmissão ser mais importante durante o contato direto com as lesões, relações sexuais sem preservativo com pessoas infetadas, mesmo sem lesões, também podem causar infecção. O uso do preservativo evita a transmissão sexual sem lesões, mas não previne a transmissão por relação se houverem lesões visíveis em áreas não cobertas pelo preservativo.

O simples contato direto da pele saudável com lesões ativas ricas em vírus vivo podem ser suficientes para a transmissão da infecção, independente desse contato ser ou não sexual, obviamente tudo depende da localização da lesão ativa.

*Contato indireto por relação sexual

Uma via bastante viável de transmissão do herpes simples ativo e poucas vezes lembrado é o compartilhamento de brinquedos sexuais, de contato ou introdução dos órgãos genitais e anais como vibradores, dedeiras, sugadores de clitóris, egg lovers, etc. Especialmente se a pessoa infectada estiver com lesões ativas.

*Contato Direto Pelo Beijo

Essa transmissão só é possível se tiver lesões visíveis (a saliva em si não é um material infectante).

No entanto, há casos onde as lesões orais herpéticas já tenham secado, mas ainda não tenham cicatrizado completamente e ainda apresentam vírus ativo em sua superfície, ou mesmo lesões herpéticas atípicas em mucosa que podem ser confundidas com aftas.

*Contato Indireto Por Meio Do Compartilhamento De Objetos De Uso Comum

Lesões orais ativas ricas em vírus podem ser transmitidas indiretamente às pessoas suscetíveis caso haja compartilhamento de utensílios de cozinha como talheres e copos sem lavar, canudos, compartilhamento de bomba de chimarrão, cigarros, beber na mesma garrafa, escovas de dente, etc.

O compartilhamento de toalhas e roupas usadas que possam ter tido contato direto em áreas com lesões ativas também deve ser evitado.

*Transmissão Vertical (De Mãe Para Filho Durante A Gestação)

Não é preciso ter lesões visíveis para que a transmissão seja realizada, mas geralmente ocorre apenas quando a gestante tem a primeira infecção durante a gestação. Saiba mais sobre herpes gestacional e herpes neonatal aqui.

Transmissão Perinatal

Ocorre de mãe para filho quando o bebê passa pelo canal do parto (parto normal) e a mãe possui lesões ativas neste momento.

HERPES SIMPLES TIPO 1 X HERPES SIMPLES TIPO 2

Apesar do Herpes Simples tipo 01 ser o mais prevalente e o mais comumente associado a lesões orais sejam internas (mucosa) ou externas (próximas aos lábios) e o herpes simples tipo 2 ser mais comumente associado a lesões genitais e anais; ambos os tipos de herpes podem causar lesões em qualquer parte do corpo, incluindo sistema nervoso central (meningite ou meningoencefalite herpética). Além disso, tanto o herpes simples do tipo 01 pode causar lesões anais e genitais quanto o tipo 02 pode causar lesões orais.

O aspecto das lesões entre o tipo 01 e 02 também são idênticas, sendo impossível discernir apenas pelo exame físico de qual dos 2 tipos se trata.

Sintomas de Herpes

As manifestações clínicas do herpes simples podem variar de leves a graves, e muitas pessoas podem não apresentar sintomas, o que dificulta o diagnóstico e facilita a disseminação do vírus. Mas entre as principais queixas podemos destacar:

• Sintomas do HSV-1: As lesões são caracterizadas por pequenas bolhas agrupadas, que se rompem e formam úlceras dolorosas. Essas lesões, geralmente, aparecem ao redor da boca, dos lábios ou do nariz, e são precedidas por uma sensação de formigamento ou coceira. Nos casos em que o HSV-1 afeta a área genital, os sintomas são semelhantes aos de uma infecção por HSV-2;
• Sintomas do HSV-2: No caso do herpes genital, as lesões podem aparecer nas áreas genitais, nádegas, coxas ou até dentro da vagina e no colo do útero. Além das feridas, o herpes genital pode causar febre, dores musculares e um aumento dos linfonodos na região da virilha.

O Diagnóstico

Apenas cerca de 13% a 37% das pessoas com o vírus desenvolvem alguma lesão em algum momento da vida. É importante levar em consideração que o diagnóstico da lesão não pode ser feito por exame de sangue.

Esse tipo de abordagem determina apenas que a pessoa teve contato com o vírus (exames sorológicos) ou que possui vírus circulando no sangue (testes moleculares).

Os anticorpos específicos contra o herpes costumam aparecer no sangue após 12 semanas do contato. Mas uma pessoa pode ter tido contato com o herpes há muitos anos sem nunca ter apresentado lesões.

É por isso que a suspeita diagnóstica se faz pelo exame físico e a confirmação apenas por exame da lesão.

Tipos de Infecção:

• Crise aguda contato primário;
• Primeira crise infecção não primária;
• Crise de reativação de herpes;
• Recorrente.

Crise Aguda Contato Primário

Primeiro, aparecimento de lesões em indivíduos que nunca tiveram contato com o herpes simples tipo 1 (HSV-1) ou herpes simples tipo 2 (HSV-2).

O quadro se inicia de 2 a 12 dias (no geral, 4 dias) após o primeiro contato com vírus, podendo manifestar-se por meio de febre, mal-estar, dor de cabeça ou mialgia (dor muscular), disúria (dor para urinar) com ou sem retenção urinária (especialmente nas mulheres), dor e/ou coceira local que começam antes do aparecimento das lesões.

Linfadenopatias (ínguas ou aumento dos gânglios) aparecem em 50% dos casos, podendo aparecer de um só lado ou ambos. Elas rapidamente evoluem para vesículas (bolhas) sobre base eritematosa (avermelhada), muito dolorosas e de localização variável. O conteúdo dessas vesículas é, geralmente, citrino (como água), raramente turvo.

Quando há acometimento do colo do útero, é comum o corrimento vaginal, que pode ser abundante. Entre os homens, o acometimento da uretra pode provocar corrimento uretral e raramente é acompanhado de lesões extragenitais.

O quadro pode durar de duas a três semanas. Após a infecção genital primária pelo Vírus Herpes Simples Tipos 1 e 2, o vírus ascende pelos nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos das células dos gânglios sensitivos e entra em um estado de latência. A ocorrência de infecção do gânglio sensitivo não é reduzida por qualquer medida terapêutica.

Primeira Crise de Infecção Não Primária

Após a infecção inicial (sintomática ou não, pois algumas pessoas têm contato e não apresentam sintomas), o vírus estabelece uma infecção crônica nos gânglios sensoriais e fica em sua forma latente, adormecido, mas pode reativar de tempos em tempos na mucosa e na pele quando ocorre alguma situação na qual a imunidade cai e ocorre um desequilíbrio entre o sistema imune e o vírus.

Após a infecção genital primária por HSV-2 ou HSV-1, respectivamente, 90% e 60% dos pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação viral.

As infecções seguintes costumam apresentar menos sintomas gerais do que a primária, basicamente locais, com menos lesões que a primeira, e duram menos tempo, em geral de 2 a 5 dias, independente de tratamento específico. É comum iniciar com quadro de dor local antes do aparecimento das lesões.

Crises de Reativação de Herpes

Após a infecção inicial (sintomática ou não, pois algumas pessoas têm contato e não apresentam sintomas), o vírus estabelece uma infecção crônica nos gânglios sensoriais e fica em sua forma latente, adormecido, mas pode reativar de tempos em tempos na mucosa e na pele quando ocorre alguma situação na qual a imunidade cai e ocorre um desequilíbrio entre o sistema imune e o vírus.

Após a infecção genital primária por HSV-2 ou HSV-1, respectivamente, 90% e 60% dos pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação viral.

As infecções seguintes costumam apresentar menos sintomas gerais do que a primária, basicamente locais, com menos lesões que a primeira, e duram menos tempo, em geral de 2 a 5 dias, independente de tratamento específico. É comum iniciar com quadro de dor local antes do aparecimento das lesões.

É comum que o local onde apareçam as primeiras lesões seja o local das reativações, mas não necessariamente. Uma pessoa pode ter, por exemplo, crises de herpes em região genital e um belo dia começarem a aparecer lesões nas nádegas ou em região perianal, ou mesmo em outra região totalmente diferente.

Infecção Recorrente

Herpes recorrente é a situação em que um indivíduo que já foi infectado pelo vírus do herpes simples (HSV) tem surtos frequentes da doença. Depois de uma infecção primária, o vírus permanece no corpo e pode ser ativado novamente em momentos de estresse, doença ou outros desencadeadores.

Os sintomas de uma recorrência, geralmente, são semelhantes aos da primeira infecção, mas tendem a ser menos graves. As pessoas podem sentir coceira, queimação, dor ou formigamento antes do aparecimento de bolhas ou úlceras.

Existem casos em que a dor que ocorre previamente às lesões não está localizada apenas em uma pequena área por onde sairão as lesões, mas a uma área maior, nesses casos, é comum o doente ou mesmo o médico não especialista, confundir o quadro de herpes simples com Herpes Zóster ou mesmo, a depender da região, com outros problemas como doença da coluna ou de articulações.

As bolhas, geralmente, cicatrizam e desaparecem dentro de uma semana, mas as recorrências podem ser frequentes e desagradáveis.

Em geral, as pessoas com herpes labial recorrente podem ter surtos menos frequentes e com menos bolhas do que as pessoas com herpes genital recorrente. No entanto, a frequência e gravidade dos surtos variam amplamente de pessoa para pessoa

Apresentação Subclínica

87,4% das infecções pelo vírus herpes simples não apresentam sintomas. O número de vírus do herpes simples tipos 1 e 2 aumenta no sangue sem a presença de lesões na pele.

O indivíduo pode não tomar conhecimento da infecção ativa, mas pode transmiti-la, principalmente em casos de relação sexual sem preservativo.

 

Lesões típicas de herpes simples

Primeira Infecção em Pessoas com HIV

Entre as pessoas com infecção pelo HIV, as manifestações tendem a ser dolorosas, atípicas e de maior duração. Em geral, é uma manifestação mais severa, caracterizada pelo surgimento de lesões eritemato-papulosas de um a três milímetros de diâmetro.

Outras Apresentações do Herpes Simples

O vírus do Herpes pode causar quadros bem variados, não apenas as vesículas que são tão típicas. Inclusive, quadros bastante graves, principalmente em imunodeprimidos (pessoas com imunidade baixa).

Tratando Herpes Simples

Apesar de não possuir cura, é possível tratar as crises de herpes. Tratamentos antivirais, como o aciclovir, podem ser prescritos para reduzir a severidade dos sintomas e a duração dos episódios.

Em pessoas com infecções recorrentes, a terapia supressora diária pode ajudar a reduzir a frequência dos surtos e diminuir o risco de transmissão do vírus aos parceiros sexuais.

Prevenindo A Transmissão e Crise de Herpes

A prevenção do herpes simples envolve medidas que reduzem o risco de exposição ao vírus. Algumas dicas incluem:

• Evitar contato direto com lesões: Não tocar nas feridas e evitar beijar ou ter contato íntimo com pessoas que apresentam lesões visíveis;
• Uso de preservativos: Reduz o risco de transmissão genital, mas não oferece proteção completa, já que o vírus pode estar presente em áreas não cobertas;
• Cuidados com a higiene pessoal: Não compartilhar objetos como toalhas, lâminas ou talheres com pessoas infectadas;
• Não é necessário separar banheiros, higienizar roupas ou outros objetos de uso pessoal em separado, ou mesmo separar utensílios de cozinha para uso exclusivo da pessoa infectada. A higienização e lavagem simples desses objetos é suficiente para evitar a transmissão.

Conhecer os sinais e sintomas do herpes, bem como as formas de transmissão, ajuda a reduzir o risco de contágio e a lidar de maneira mais eficiente com o vírus. Em caso de dúvidas, não deixe de procurar ajuda de um médico infectologista de sua confiança.

Publicado pela primeira vez em Julho de 2019 – Última atualização em Dezembro de 2024

Fontes:

• Cleveland Clinic
• Uptodate