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Vacinação do paciente vivendo com HIV

Vacinação do paciente vivendo com HIV
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Vacinação do paciente vivendo com HIV

Sabemos que em muitos casos a imunização nos pacientes vivendo com HIV, não provoca a melhor resposta.

Contudo, são os que precisam ser mais protegidos, uma vez que possuem alto risco de complicações graves quando ficam doentes.

É importante salientar que mesmo os pacientes em tratamento antirretroviral (TARV) e imunidade boa, ainda são grupos de risco para complicações graves caso se infectem por estas doenças que são preveníveis por vacinas.

 

Fatores que podem aumentar o risco de infecções:

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O risco de infecção varia de acordo ao agente infeccioso e pode ser maior para alguns pacientes dependendo:

  • Da cidade onde mora (por exemplo, viver em áreas com alta circulação do vírus da febre amarela)
  • Do seu estilo de vida (por exemplo: condutas de risco para infecções sexualmente transmissíveis como a hepatite B e HPV)

 

Tipos de vacinas

  • Vacinas de Vírus vivo atenuado
  • Vacinas de vírus inativados ou mortos

Vacina de vírus vivo atenuado

  • São feitas de vírus vivos que passaram por procedimentos que os enfraqueceram
  • Elas possuem maior risco de causar efeitos adversos
  • Os seus efeitos adversos podem ocorrer mais tardiamente (de 5 a 20 dias após a vacina)
  • Os efeitos adversos se parecem mais com o da doença selvagem, apesar de mais brandos.
  • A resposta imunológica a uma vacina de vírus vivo atenuado ode interferir em outra do mesmo tipo
  • São contraindicadas para gestantes e pessoas com imunidade baixa
  • Sofrem interferência de células imunológicas específicas. Por isso que pessoas que recebem imunoglobulinas, soros, sangue total etc, devem aguardar de 3 a 11 meses, antes de receber uma vacina desse tipo.
Exemplos de vacinas de vírus vivo atenuado:
  • BCG
  • Dengue
  • Febre amarela
  • Herpes zoster
  • Poliomielite oral
  • Roteiros
  • Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Varicela

Vacinas de vírus inativados ou mortos

  • São compostas de vírus inteiros que não estão vivos ou apenas pedações desses vírus.
  • Os eventos adversos em geral são precoces, de 24 a 48 horas após a vacinação.
  • Como esses vírus não são capazes de se multiplicar, essas vacinas não são capazes de produzirem doenças.
  • Os efeitos adversos são relacionados com resposta inflamatória como dor, inchaço, calor ou vermelhidão no local da aplicação
  • Geralmente necessitam de várias aplicações para conseguir gerar uma resposta duradoura
  • A resposta de uma vacina não interfere na outra e por isso podem ser aplicadas sem intervalo mínimo entre elas, ou ao mesmo tempo.
  • Podem ser usadas em gestantes ou pessoas imunodeprimidas

Com relação às vacinas de vírus morto ou inativado, a administração em pacientes imunodeprimidos não aumenta o risco de reações adversas.

Contudo reduz a resposta vacinal. Por isso se possível, o melhor é esperar.

Exemplos de vacinas de vírus inativados ou mortos
  • Dupla do tipo adulto (difteria e tétano)
  • Haemophilus influenzae do tipo b
  • Hepatite A e combinações
  • Hepatite B e combinações
  • Influenza
  • Meningocócicas
  • Pneumocócicas conjugadas e polissacarídicas
  • Poliomielite inativada
  • Raiva
  • Tríplice bacteriana (difteria, tétano e pertussis) e suas combinações
  • HPV

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Vacinação do paciente vivendo com HIV: Como melhorar a resposta vacinal.

  • Realizar contagem de linfócitos CD4 para definir o melhor momento para a vacinação.
  • Indicar a vacinação, sempre que possível, preferencialmente quando os níveis de CD4 estiverem normais.
  • Vacinar de preferência quando a pessoa não estiver com sintoma de nenhuma infecção aguda
  • Realizar maior número de doses e/ou intervalos mais curtos entre elas comparado ao esquema de pessoas sem o vírus;
  • Avaliar o estado vacinal dos pacientes vivendo com HIV o mais cedo possível para evitar perda de oportunidade vacinal
  • Avaliar também o estado vacinal de pessoas que convivem com pacientes vivendo com HIV e vaciná-las quando indicado.
  • Sempre que possível, manter o intervalo mínimo entre as doses.
  • Evitar grande atraso das doses subsequentes

 

As vacinas injetáveis inativadas em geral podem ser administradas no mesmo dia, utilizando-se seringas, agulhas em locais diferentes do corpo.

Quando as vacinas são de vírus vivo, as doses entre elas devem ter um espaço de pelo menos 4 semanas.

 

Quando a vacina está contra-indicada:

  • Reação alérgica grave (anafilaxia) relacionado a recebimento prévio da vacina ou de algum de seus componentes
  • Vacinas de vírus vivo enfraquecido quando a imunidade estiver muito baixa ou for uma paciente gestante
  • Quando o paciente estive com alguma infecção, o seu médico deve avaliar caso a caso.

 

Vacinação do paciente vivendo com HIV: Vacinação de bloqueio pós exposição

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  • São vacinas dadas após a exposição, para tentar evitar a doença.
  • Deve ser dada o mais rápido possível para se ter algum benefício.
  • A ideia é induzir à formação de anticorpos específicos antes do agente invasor se multiplicar e causar doenças.

Leia mais sobre isso aqui.

Quais as vacinas que podem ser usadas com o objetivo de bloqueio:

  • Sarampo
  • Varicela
  • Raiva
  • Hepatite A
  • Hepatite B

Quando vacinar pacientes que ainda estão com imunidade baixa:

Quando o risco de infecção pelo agente etiológicos e a gravidade da infecção for maior que os próprios riscos da vacina de vírus vivo atenuado

 

Pode -se aplicar mais de uma vacina no mesmo dia?

Vacinas de vírus inativado ou apenas uma vacina de vírus vivo com outras vacinas de vírus inativado podem ser aplicadas ao mesmo tempo, desde que em locais diferentes.

Agora mais de uma vacina de vírus vivo não pode ser aplicado no mesmo dia. Veja o quadro abaixo:

 

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Vacinação do paciente vivendo com HIV: Importante lembrar:

Após a vacinação, pode ocorrer redução transitória do número de CD4.

Por isso não se deve realizar exames de CD4 e carga viral, até 20 dias após receber qualquer vacina.


Vacina contra o vírus Influenza

Influenza é o vírus da gripe. Existem vários tipos H1N1, H3N2 entre outros

Pessoas vivendo com HIV, mesmo aquelas que estão em TARV e possuem boa imunidade possuem:

  • Maior risco de evoluir para casos mais graves
  • Maior risco de morte
  • Quadros clínicos mais prolongados.
  • Esta vacina está indicada para estes pacientes, todos os anos, independente da imunidade no momento da vacina.

 

Vacina contra a Hepatite B

Paciente vivendo com HIV e infectados pela hepatite B possuem maior risco de evolução para cirrose e câncer do fígado.

A recomendação atual é de realizar a medida de anticorpos contra hepatite B ( Anti-HBs) em todos os pacientes vivendo com HIV a cada 4 ou 5 anos.

Se a pessoa tiver níveis abaixo dos níveis protetores, uma nova dose deverá ser feita. (booster)

 

Vacina contra a Hepatite A

As pessoas vivendo com HIV apresentam maior risco de morte e doença mais grave relacionada ao vírus influenza, visto que ambos, os anticorpos e as células T, tem papel fundamental na resposta imune contra infecções virais.

Assim, espera-se que elas apresentem quadros mais graves e prolongados de infecção pelo vírus influenza.

Pessoas vivendo com HIV que são infectadas pelo vírus da hepatite A possuem:

  • Maior quantidade de vírus no sangue
  • Maior risco de alteração laboratorial dos exames de lesão ao fígado
  • Maior risco de continuar transmitindo a doença mesmo após a resolução dos sintomas
  • Quando comparadas a pessoas que não possuem o vírus.

 

Existe vacina com a hepatite A e B juntas.

Mas parece ser que quando administradas em seringas diferentes, mesmo que ao mesmo tempo, possui uma melhor resposta vacinal.

 

Vacina contra o vírus HPV

  • Pessoas vivendo com HIV possuem maior número de casos de infecção pelo tipo de HPV com maior risco de câncer.
  • Elas também demoram mais tempo para eliminar o vírus do organismo que aqueles sem o vírus.
  • Maior risco de evolução para doenças malignas.
  • A orientação atual é que a vacina contra o HPV seja oferecida para homens e mulheres vivendo com HIV, com até40 anos de idade
  • A vacina está indicada mesmo para pessoas que já tiveram HPV ou até mesmo Câncer relacionado ao HPV (a vacina nestes casos diminui o risco de recidiva do câncer)

 

Vacina contra o vírus Herpes Zoster

Pessoas vivendo com HIV possuem maior risco de apresentar crises de herpes zoster, principalmente após os 50 anos que as não portadoras.

Este risco é maior naqueles sem tratamento para HIV e com a imunidade baixa mas naquelas com imunidade normal ainda é maior que a não infectadas.

 

Vacina BCG

  • Essa vacina é dada apenas para crianças.
  • Ela oferece proteção contra infecções graves pela Tuberculose.
  • Ela não deve ser dada a nenhum adulto, inclusive aqueles que vivem com HIV, pois não confere proteção e tem alto risco de eventos adversos.
  • Para adultos que vivem com HIV, recomenda-se  a realização anual de exames que verificam se houve exposição à tuberculose e caso isso se confirme, deve-se realizar a profilaxia com remédios por 6 meses.

 

Vacina tríplice viral – Sarampo, Caxumba, Rubéola.

  • Não devem ser administradas em pessoas com numero de CD4 < 200. cell/mm³
  • Pessoas vivendo com HIV com imunidade baixa, independente do estado vacinal e que tiveram contato com pessoa com sarampo, devem receber a imunoglobulina humana (soro)
  • Pessoas saudáveis que convivem com pessoas com imunidade baixa e não se vacinaram, devem ser vacinadas.

 

Vacina oral da Poliomielite – VPO

  • Não devem ser dadas a nenhuma pessoa vivendo com HIV
  • Não devem ser dadas a pessoas saudáveis que convivem com pessoa vivendo com HIV pois podem liberar o vírus no ambiente por até 1 mês após a aplicação
  • Nestes casos a vacina usada deve ser a vacina inativada poliomielite – VIP.

 

Vacina contra a Varicela

  • Pessoas vivendo com HIV possuem maior risco de infecção e morte pelo vírus da varicela.
  • Não deve ser aplicada em pessoas com imunossupressão grave
  • Mas pessoas com boa imunidade que convivem com pessoas vivendo com HIV e que são suscetíveis devem ser vacinadas

 

Vacina Pneumocócica

Pessoas Vivendo com HIV apresentam 100 vezes mais risco de adoecer de doença pneumocócica invasiva que as não infectadas.

Infecções contra as quais a vacina pneumocócica pode proteger:
  • Otite media,
  • Sinusites,
  • Bronquites, Traqueobronquites e pneumonias
Fatores que aumentam ainda mais o risco de infecção pneumocócica grave:
  • Insuficiência renal;
  • Pessoas que não possuem baço ou ele não funciona;
  • Déficits primários de imunidade humoral;
  • Déficits primários ou secundários do sistema complemento;
  • Infecção pelo HIV;
  • Neoplasias;
  • Cirrose hepática;
  • Diabetes mellitus;
  • Bronquite asmática;
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  • Desnutrição;
  • Etilismo crônico;
  • Uso sistêmico de corticoides em doses imunossupressoras

Vacina contra a Meningite

A orientação atual é que a vacina Meningocócica Conjugada (Men C ou Men ACWY) seja oferecida em 2 doses e com novo booster  (dose de reforço) a cada 5 anos.

 

Fonte:


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Dra. Keilla Freitas
CRM-SP 161.392 RQE 55.156-Residência médica em Infectologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com complementação especializada em Controle de Infecção Hospitalar pela USP (Universidade de São Paulo); Pós-Graduação em Medicina Intensiva pela Universidade Gama Filho; Graduação em Medicina pela ELAM, com diploma revalidado por prova de processo público pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso); Experiência no controle e prevenção de infecção hospitalar com equipe multidisciplinar no ajustamento antimicrobiano, taxa de infecção do hospital e infectologia em geral, atendendo pacientes internados e com exposição ao risco de infecção hospitalar; Vivência em serviço de controle de infecção hospitalar, interconsulta de pacientes cardiológicos e imunossuprimidos pós-transplante cardíaco no InCor (Instituto do Coração) ; Gerenciamento do atendimento prestado aos pacientes internados em quartos e enfermarias, portadoras de doenças crônicas e agudas com necessidades de cuidados e controles específicos.


https://www.drakeillafreitas.com.br/quem-somos/

13 thoughts on “Vacinação do paciente vivendo com HIV

  1. Prezada Dra. sou hiv + há 3 anos, indetectável, não tive sintomas previos, apenas un rash/ orticaria possívelmente pelo quadro de infecção aguda. Logo em tratamento, possívelmente durante a reativação imunológica, apareceu herpes abaixo da glande. Devo tomar vacina para herpes? tenho 48 anos. obrigado

    1. Não existe vacina para a herpes simples. Mas existem, várias vacinas importante para o paciente que vive com o vírus HIV. converse com o seu médico e veja quais você teria indicação e o melhor momento para tomá-las.

  2. Bom Dia! Tomei a terceira dose da vacina para HPV hoje, sendo que tinha marcado um exame de CD4 e carga viral para daqui a 3 dias, isso pode prejudicar ou alterar em algo o resultado? Meu último exame (08/17 ) tinha dado Carga Viral indetectável e CD4 de 1.400! Obrigado

  3. bom dia, porque no protocolo de crianças expostas ou com hiv a recomendação são: 2 varicelas e 2 triviais ao invés de 1 trivial e 1 tetra viral.
    Atenciosamente,,

  4. Meu cd4 e 1.000 e minha carga Viral é Indetectavel a 8 anos.
    …..Duvida é: tomando vacina da Gripe ou a Antitetanica faz com que a Carga Viral fique Detectavel?
    Pois assim os estudos I=I [indetectavel=intransmissivel] contradiziriam como Indetectavel nao é transmissivel. Meu medo é que a Blip Viral faça com que eu infecte minha parceira. Obrigado

    1. Os estudos mostram que estas pequenos aumentos transitórios que podem ocorrer com relação a carga viral ao longo da vida, não foram suficientes para infectar outras pessoas com o HIV mesmo pela via sexual sem preservativo, pois estes estudos foram todos de vida real (https://www.drakeillafreitas.com.br/hiv-indetectavel-e-intransmissivel/ ). Então a principio não teria problema,
      Por outro lado, até um mês após o recebimento da vacina, sabemos que pode ocorrer a carga viral viral pode ficar transitoriamente detectável, mas ainda suprimida (o esperado é que mesmo detectável, esteja abaixo de 1.000 copias/ml).
      Na dúvida, você pode passar 30 dias tendo relações protegidas ( com preservativo) e não mais que isso, mas como disse acima, pelos estudos realizados, mesmo estes estados pós vacinais não representariam risco.

  5. Olá Dra! Pode ocorrer que se tomar a vacina de febre amarela e na semana seguinte realizar teste de HIV o resultado dar falso-positivo/falso-negativo?

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