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Esquistossomose: Conheça

Esquistossomose: conheça
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Esquistossomose: Conheça

O que é?

Chamada popularmente de “barriga D’água“, “xistose“, bilharzia ou “Febre do caracol”.

Trata-se de uma doença infecto parasitária que mata cerca de 200.000 pessoas por ano no mundo.

É a terceira doença tropical mais devastadora do mundo, atrás apenas da Malária e da parasitose intestinal.

O portador pode passar muitos anos sem apresentar qualquer sintoma.

Ela pode causar complicações muito sérias como:

  • Úlceras intestinais,
  • Cirrose hepática,
  • Câncer,
  • Paraplegia (levar a pessoa para a cadeira de rodas)

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Esquistossomose: Conheça

 Quem causa?

Existem vários subtipos desse platelminto: Schistosoma mansoni, Schistosoma haematobium, e Schistosoma japonicum 

Esse verme é de cor esbranquiçada ou leitosa.

O macho é mais grosso e curto. A fêmea é mais fina e comprida

Epidemiologia

Chamamos de áreas endêmicas aquelas áreas de risco contínuo para determinada infecção

Estima-se que 700 milhões de pessoas em mais de 76 países no mundo estão sob risco de se infectar por este parasita.

85% das pessoas infectadas vivem na Africa mas está longe de ser um problema só de lá.

Conheça países endêmicos para Esquistossomose:

  • Africa: Países da Africa do Sul, e Africa subsariana, Mahgreb (Norte da Africa), Rio Nilo o Egito e Sudão
  • América do sul: Brasil, Suriname, Venezuela
  • Caribe: Republica Dominicana, Guadalupe, Martinique, Santa Lucia
  • Oriente Médio: Iran, Iraq, Arabia Saudita, Yemen
  • Sul da China
  • Partes do sudeste da Asia e Filipinas, Laos

Esquistossomose no Brasil

Estima-se que cerca de um milhão e meio de brasileiros vivam em áreas de risco para Esquistossomose

Como a transmissão ocorre?

Ele não é transmitido diretamente de um ser humano infectado a outro. Nem ingerindo alimentos ou bebidas contaminadas

Esse verme se desensolve dentro de caramujos que vivem em lagoas (água doce).

O verme passa um tempo dentro do caramujo e depois nada livre nas águas da lagoa, penetrando na pele saudável de quem estiver na água.

As pessoas se infectam ao nadar ou caminhar em lagoas de água doce

Essas lagoas são conhecidas popularmente como ” lagoas de coceira”, pois as pessoas que se banham nesse locais, apresentam coceira na pele, mais especificamente nos locais por onde o miracídio penetrou.

Ciclo de transmissão

 

Esquistossomose: Conheça

O verme apresenta vários estágios e possui 2 hospedeiros

  • O ser humano, onde o verme se reproduz
  • Caramujo,  onde o verme passa fases de sua evolução

Tipos de caramujo que podem hospedar  o verme da esquistossomose:

Esquistossomose: Conheça

  • Biomphalaria  = para o  Schistosoma mansoni
  • Oncomelania = para o Schistosoma japonicum
  • Tricula -(Neotricula aperta) = para o Schistosoma mekongi
  • Bulinus = para o Schistosoma haematobium e o  Schistosoma intercalatum

Ciclo fora do ser humano:

  • Homem Infectado deposita os ovos no meio ambiente através de suas fezes ou urina
  • Fezes e urina infectam o ambiente chegando até lagoas de água doce
  • Os ovos eclodem e o parasita sai deles em forma de miracídio.
  • O miracídio nada livremente em água fresca procurando o caramujo e tem de 1 a 3 semanas para encontrá-lo.
  • Uma vez dentro dos caramujos, o miracídio se modifica e se transforma em cercária (esse ciclo dentro dos caramujos dura de 4 a 6 semanas)
  • Na forma de cercárias, o parasita medindo cerca de 1mm sai do caramujo e fica nadando em na água por cerca de 72 hs
  • Nesse tempo, ele ataca a pele de qualquer ser humano que estiver ao seu alcance na água ou outro mamífero.
  • Se nessas 72 horas ela não encontrar um hospedeiro, morrerá.

As cercárias penetram na pele intacta do ser humano (não precisa ter nenhum machucado para se infectar)

Ciclo dentro do ser humano:

  • cercária penetra na pele intacta do ser humano através das veias da pele.
  • Uma vez na corrente sanguínea, ela viaja por várias partes do corpo até chegar ao pulmão
  • Durante esta viagem, ela se transforma (sofre uma metamorfose), perdendo os acessórios que usava para nadar e criando uma capa protetora para se proteger contra o sistema imune do hospedeiro.
  • Nessa fase, o parasita recebe o nome de schistosomula
  • Em forma de schistosomula, ele migra dos capilares pulmonares (pequenos vasos) para a circulação sistêmica que o leva até à veia porta
  • Na veia porta, a schistosomula amadurece e se transforma em verme adulto
  • Esse verme adulto pode medir entre 12 a 26 mm de comprimento dependendo do sexo e do tipo
  • Dentro dos vasos da veia porta o verme se reproduz.
  • Macho e fêmea migram juntos contra o fluxo sanguíneo da veia porta até os vasos mesentéricos ou da vesícula, onde começam a botar ovos.
  • Um verme adulto bota entre 20 e 3.500 ovos por dia dependente do tipo – S. haematobium (20-200), S. mansoni (100-300), S. japonicum (500-3.500)
  • Os ovos migram através do intestino ou da parede da bexiga para ser eliminado ao meio ambiente pelas fezes ou urina.
  • Por onde passa, o ovo vai provocando intensa inflamação
  • O tempo de migração dos ovos que são postos até a saída para o meio externo dura cerca de 10 dias. Fechando o ciclo.

O ovo Aprisionado

  • Os ovos que não são eliminados para o meio externo ficam alojados nos mais diversos tecidos
  • Uma vez preso em alguma parte do corpo, o ovo segue estimulando um processo inflamatório e formação de granulomas que é o causador das complicações da doença.
  • Os ovos normalmente se alojam nos vasos sanguíneos do fígado ou intestino.
  • Mas também podem ser encontrados nos tecidos da pele, cérebro, medula espinhal, músculos, glândulas e olhos
  • Como os ovos também podem penetrar pelo trato urinário, ele pode  se alojar também no útero, trompa de Falópio ou ovários

 

Tempo de Transmissão

  • O ser humano infectado e não tratado pode eliminar vermes no ambiente por mais de 20 anos.
  • O caramujo infectado começa a eliminar cercárias após quatro a sete semanas da infecção pelos miracídios, e assim se mantêm por vários meses.

Período de incubação

  • O tempo entre o primeiro contato com o verme e o início dos sintomas de fase aguda varia de 2 a 6 semanas.
  • Contudo, muitas pessoas podem não apresentar sintomas de fase aguda e ficar com o verme no organismo sem sintomas até as fase de complicações

Sintomas e sinais da fase aguda

  • Febre
  • Rash (manchinhas vermelhas no corpo)
  • Cefaleia (dor de cabeça)
  • Mialgia (dos nos músculos)
  • Sintomas respiratórios
  • Hemograma = aumento da contagem de eosinófilos
  • Imagem: hepatomegalia (aumento do fígado) e/ou esplenomegalia (aumento do baço)

Sintomas e sinais da fase crônica

  • Esses sintomas são causados devido à resposta imune do hospedeiro aos ovos do verme e dependem do número de ovos aprisionados no tecido e localização.
  • Diarreia (é uma das causas de diarreia crônica, especialmente em viajantes que visitaram áreas de risco)
  • constipação
  • Sangue nas fezes
  • Sangue na urina
  • Disúria (dor ao urinar) –  sintomas que podem ser confundidos com infecção urinária.

Complicações

  • Ocorrem devido à inflamação crônica causada pelo verme no locais onde se aloja:
  • Sangramento intestinal
  • Má absorção intestinal
  • Desnutrição
  • Anemia severa
  • Polipose intestinal
  • Sepse por salmonella (Infecção generalizada por uma bactéria que causa problemas geralmente apenas no intestino)
  • Fibrose hepática levando à cirrose do fígado
  • Hipertensão portal levando a esplenomegalia (aumento do baço), ascite, sangramento no esôfago
  • Câncer do fígado
  • Câncer nas vias biliares
  • Inflamação das trompas (apresentando desconforto e favorecendo o desenvolvimento de doença inflamatória pélvica)
  • Inflamação vaginal (apresentando desconforto e favorecendo o aparecimento de infecções genitais)
  • Cervicites (inflamação do colo do útero na mulher)
  • Gestação ectópica (placenta se inserta fora do útero)
  • Bebês com baixo peso
  • Aborto espontâneo
  • Infertilidade
  • Hemospermia (sangue no esperma)
  • Nefropatia esquistossomótica (Doença renal crônica)
  • Pielonefrite (infecção nos rins)
  • Uropatia obstrutiva (doença renal renal devido a obstrução do trato urinário)
  • Hematúria (sangue na urina)
  • Falência renal
  • Câncer de bexiga
  • Hipertensão pulmonar
  • Cor pulmonale
  • Granulomatose pulmonar levando ao enfisema
  • Mielite transversa esquistossomótica
  • Paralisia (leva a pessoa para a cadeira de rodas)
  • Microinfartos cerebrais

Como o diagnóstico é feito?

  • Análise de urina com técnicas específicas que identificam a presença do ovo do verme
  • Análise de fezes com técnicas específicas que identificam a presença do ovo do verme
  • Exames sorológicos feitos em sangue que identificam anticorpos produzidos pelo nosso organismo ao entrar em contato com verme adulto.
  • Amostras sorológicas começam a se positivar apenas a partir do 6 ou 8 semanas do primeiro contato

Diagnóstico diferencial

A esquistossomose pode ser confundida com outros diagnóstico, de acordo à fase da doença ou apresentação clínica.

Dermatite Cercariana

• Síndromes exantemáticas (sarampo, rubéola; escarlatina);
• Dermatites causadas por cercárias de outros esquistossomos não patogênicos ao homem;
• Dermatites causadas por larvas de outros helmintos;
• Dermatite causada por substâncias químicas.

Esquistossomose Aguda (febre de Takayama)

• Malária;
• Febre tifoide;
• Hepatite viral anictérica (A e B);
• Estrongiloidíase;
• Amebíase;
• Mononucleose (causada pelo vírus Epstein Barr– EBV);
• Tuberculose miliar;
• Ancilostomose aguda;
• Brucelose;
Doença de Chagas em sua fase aguda.

Esquistossomose Crônica

• Amebíase;
• Estrongiloidíase;
• Giardíase;
• Outras parasitoses;
• Linfoma;
• Afecções que cursam com o aumento volumétrico do fígado e do baço (hepatoma, Leishmaniose visceral, leucemia, salmonelose prolongada, esplenomegalia tropical, e cirrose hepática).

Tratamento

  • Tratamento da infecção
  • O tratamento da infecção é feito com um antiparasitário chamado Praziquantel.
  • A dose varia com o subtipo do verme
  • Tratamento das complicações
  • Varia totalmente de acordo ao tipo de complicação apresentada

Prevenção

  • Não existe vacina contra esquistossomose
  • Evitar nadar ou caminhar em lagoas de água doce de áreas endêmicas
  • Identificar e tratar todas as pessoas portadoras, sintomática ou não, evitando recontaminação do ambiente.
  • Água
  • Evitar ingerir água que não seja segura (ingesta não transmite mas o miracídio pode penetrar pela pele da boca ou lábios)
  • A água para beber, escovar os dentes, lavar as mãos deve ser segura.
  • Se a água não for segura, deve-se fervê-la por pelo menos 1 minuto para livrá-la dos parasitas
  • A água para banho ou lavagem de mãos pode ser armazenada em local seguro e limpo por no máximo 2 dias depois de fervida.
  • Veja outras dicas para a segurança de sua saúde em viagens clicando aqui

 

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Dra. Keilla Freitas
CRM-SP 161.392 RQE 55.156-Residência médica em Infectologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com complementação especializada em Controle de Infecção Hospitalar pela USP (Universidade de São Paulo); Pós-Graduação em Medicina Intensiva pela Universidade Gama Filho; Graduação em Medicina pela ELAM, com diploma revalidado por prova de processo público pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso); Experiência no controle e prevenção de infecção hospitalar com equipe multidisciplinar no ajustamento antimicrobiano, taxa de infecção do hospital e infectologia em geral, atendendo pacientes internados e com exposição ao risco de infecção hospitalar; Vivência em serviço de controle de infecção hospitalar, interconsulta de pacientes cardiológicos e imunossuprimidos pós-transplante cardíaco no InCor (Instituto do Coração) ; Gerenciamento do atendimento prestado aos pacientes internados em quartos e enfermarias, portadoras de doenças crônicas e agudas com necessidades de cuidados e controles específicos.


https://www.drakeillafreitas.com.br/quem-somos/

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